Eleonore Koch: itinerário de pesquisa
Eduarda Laura Risson Aguiar, bacharel em História, bolsista PROIAD
As informações aqui presentes são frutos de pesquisas sobre a artista Eleonore Koch (Berlim, Alemanha, 1926 - São Paulo, Brasil, 2018), realizadas a partir de fevereiro de
2023, através do Programa de Iniciação e Aperfeiçoamento à Docência em Museus - PROIAD. Foram desenvolvidas com os objetivos de colaborar com a elaboração da exposição
Eleonore Koch: Em Cena e apoiar a obtenção de dados sobre a recepção da artista pelos círculos de reconhecimento das artes visuais no Brasil, principalmente na primeira
fase de sua carreira (décadas de 1940 a 1960).
Estas pesquisas foram divididas em duas etapas, uma de levantamento bibliográfico, que visava encontrar trabalhos que tratassem sobre a vida e a produção da artista,
direta ou indiretamente; e outra de levantamento arquivístico, que objetivou identificar todas as exposições, coletivas e individuais, que contaram com obras de Koch,
bem como todos os periódicos com citações sobre sua vida e/ou obra entre as décadas de 1940 e 1970. Ambas foram feitas em âmbito digital e físico e, para isso, consultamos
e tabulamos os dados encontrados nos sites disponíveis para pesquisa acadêmica, bem como nos arquivos e bibliotecas dos principais museus e instituições relevantes para o
tema a serem consultados na cidade de São Paulo, para além do MAC - USP, como: Museu de Arte Moderna (MAM), Museu de Arte Assis Chateaubriand (MASP), Pinacoteca, Bienal de Arte, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU - USP), Instituto de Estudos Brasileiros (IEB - USP), Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH - USP) e Escola de Comunicação e Artes (ECA - USP).
Como resultado da etapa de pesquisas bibliográficas, constatamos que dos 24 locais pesquisados, entre sites e instituições, apenas 15 deles possuíam em seu banco de dados
alguma bibliografia que trabalhasse a obra e/ou a vida de Eleonore Koch direta ou indiretamente. E, como demonstra a tabela abaixo, foram encontradas 55 obras totais,
porém ao desconsiderarmos as repetições, a quantidade real foi de 36, entre teses, livros, artigos, documentos e catálogos. Vale ressaltar que apenas metade delas tratavam
diretamente e com centralidade sobre a artista e sua obra, nas outras ela era abordada de forma complementar ou indireta. Por sua vez, a partir das pesquisas
arquivísticas, concluímos que aconteceram 70 exposições com obras de Eleonore Koch entre 1948 e 2024, das quais 60 foram realizadas no Brasil e 10 em outros países. 23
exposições foram individuais e 47 foram coletivas. As décadas com o maior número de exposições realizadas foram as de 1960 e a de 2020. Além disso, considerando os
documentos encontrados na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, no Arquivo Público do Estado de São Paulo, no acervo digital da Folha de São Paulo e do O Estado de S.
Paulo, entre 1940 e 1970 foram 168 notícias que fizeram referência à artista.
Com base em uma análise preliminar dos dados obtidos, podemos perceber que, apesar de haver um volume extenso de documentação sobre a vida e a obra de Eleonore, a
quantidade de estudos realizados sobre a mesma ainda é incipiente e há muito sobre o que se pesquisar. Contudo, é notável que nos últimos anos houve uma renovação no
interesse sobre sua produção, haja vista que 2020 é a década com o maior índice de exposições com obras da artista e a que, inclusive, o cenário internacional passou a
presenciar uma maior circulação de sua arte pois, das suas 10 exposições fora do Brasil, 3 ocorreram entre 2020 e 2024.
Como uma hipótese inicial, atribuímos este ganho recente de visibilidade e valorização de sua obra a três fatores. O primeiro deles, seria o desenvolvimento de pesquisas
e estudos científicos sobre sua vida e sua produção, que passaram a ser realizados durante a década de 2000 e começaram a inserir Eleonore Koch nos debates promovidos pela
História da Arte, especialmente aqueles voltados para uma revisão dos cânones modernos, e a divulgarem a artista em um meio que ainda tinha pouco contato com seu trabalho.
Segundo, o leilão realizado pela James Lisboa em 2018, após o falecimento da artista e a seu pedido por testamento, que promoveu uma ampla divulgação sobre a vida e o
trabalho de Koch, inserindo em circulação no mercado mais de 180 itens pertencentes ao seu acervo pessoal que incluíam objetos, estudos, documentos e obras de arte de sua
autoria e de outros artistas. Por fim, o espaço que as mulheres artistas têm ganhado, nos últimos anos, nas pesquisas acadêmicas e nos salões de museus e galerias, que
estão adquirindo novas obras, revisitando as que já haviam sido adquiridas e não apenas expondo, mas também propondo novas formas de olhar para produções de mulheres que
ficaram por séculos encerradas em acervos e sub representadas em exposições.
Os dados compartilhados aqui são parte de uma pesquisa em curso e, por isso, ainda serão complementados e analisados mais profundamente. Entretanto, consideramos
pertinente divulgá-los, para que possam apoiar o desenvolvimento de novas pesquisas sobre Eleonore Koch, contribuir com a ampliação de fontes de informações seguras
sobre sua vida e trajetória, e estimular a compreensão de que o Museu Universitário também é um espaço de aprendizagem, no qual a tecnologia pode ser utilizada como uma
aliada neste processo.