23 JAN 2015 - 14 JUN 2015
Entrada Gratuita

 

Olhares Cruzados nos Museus da USP – Identidades Diversas

Calculadora Logos 270, Olivetti, Guarulhos-SP, 1974

MAE - MUSEU DE ARQUEOLOGIA E ETNOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

O Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo completa 25 anos de existência no mesmo ano das comemorações dos 80 da USP. O MAE salvaguarda coleções que refletem a produção do conhecimento em três segmentos fundamentais e formadores da cultura brasileira: as referências contemporâneas e pretéritas da trajetória cultural indígena do Brasil e outras áreas americanas, as manifestações das culturas africanas e afro-brasileiras, as heranças da antiguidade Grega e Romana e das sociedades do Oriente Médio. Os acervos arqueológicos, etnológicos e museológicos e o conhecimento produzido a partir das pesquisas correspondentes constituem-se na base das ações de ensino de pós-graduação e graduação e no suporte essencial para as atividades de cultura e extensão. Na exposição Olhares Cruzados nos Museus da USP: Identidades Diversas apresenta uma pequena parcela do seu importante acervo exemplificando a produção do conhecimento nas áreas de arqueologia brasileira, pré-colombiana, clássica, etnologia brasileira e africana. A discussão sobre identidade cultural é realizada com base no acervo que representa diferentes grupos humanos no tempo e no espaço, revelando as histórias, mudanças culturais e ambientais.

VERBETES

Diadema
Máscara Zamble
Estatueta ou “Boneca de Fertilidade” Akuaba
Estatueta antropomorfa – Ídolo de Iguape
Crânio feminino
Máscara Cara Grande

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Diadema :topo:
Mato Grosso / Bororo / Plumária / Acervo MAE-USP

Diadema vertical em forma de roda. Neste diadema a representação do clã que o manufaturou está na segunda fileira de penas. É usado na nominação de recém-nascidos, iniciação de meninos e danças do ciclo funerário dos índios Bororo (MT).

Máscara :topo:
Costa do Marfim / Guro / Madeira / Acervo MAE-USP

A máscara zamble é de tipo facial, complementada por vestes de fibras vegetais, pele animal e tecido, isto é, constituída por elementos da natureza de outros confeccionados pelos homens, como o tecido, além da própria máscara.
Zamble é também o nome de um ser meio humano e meio animal (“veloz como uma pantera, inteligente como o homem e elegante como um antílope”), que apareceu para um caçador (a economia tradicional dos Guro se concentra na caça). Deslumbrado com a sua graça, o caçador entalhou uma máscara em sua homenagem, usada em uma dança que imita o seu jeito de andar e pular. Essa máscara era usada em funerais de homens sábios, tendo sido registrada na atualidade em festas populares.

Estatueta ou “Boneca de Fertilidade” Akuaba :topo:
Gana / Ashanti / Madeira / Acervo MAE-USP

São estatuetas de madeira que se caracterizam pelas formas da cabeça e corpo, representando o ideal de beleza para os Ashanti de Gana. Têm dupla finalidade, sendo usada de um lado, por mulheres grávidas que desejam filhos “inteligentes e bem constituídos”, e, de outro lado, sendo usadas como brinquedos pelas meninas, tornando-se um objeto pedagógico, preparando-as para suas finalidades biológicas e sociais (ser mulher e mãe). Por isso é dita “estatueta de fertilidade”. Esta relação mulher/terra, terra/fertilidade e mulher/fertilidade expressada por este objeto é também comum às outras culturas africanas.

Estatueta antropomorfa – Ídolo de Iguape :topo:
Cananéia, SP, entre 500 e 8.000 anos / Cultura Sambaquieira / Lítico / Acervo MAE-USP

Encontrada próximo ao sambaqui do Morro Grande (atual Reserva Ecológica da Juréia), em Cananéia, no sul do Estado de São Paulo, pelo pesquisador Richard Krone em 1906.  
Esculturas de pedra polida na forma de animais, como peixes e aves, e mais raramente de pessoas foram colocadas em sepultamentos humanos pelos grupos pescadores e coletores que habitaram o litoral de São Paulo e dos estados do sul do Brasil (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). Estes grupos ocuparam o litoral sudeste-sul entre 500 e 8.000 anos e construíram sambaquis, um tipo de sítio arqueológico formado por restos de animais, como peixes e moluscos, fogueiras, sepultamentos, artefatos em pedra, conchas, ossos, dentes de animais, até um pouco antes da chegada dos portugueses ao Brasil em 1500. Esculturas de pedra faziam parte do ritual funerário destes grupos humanos e foram enterradas junto com os mortos nos sambaquis com outros artefatos.

Crânio feminino :topo:
Guarujá, SP, 3900 anos / Cultura Sambaquieira / Acervo MAE-USP

Crânio feminino encontrado no sambaqui Maratuá na Ilha de Santo Amaro (Município de Guarujá, São Paulo) por uma equipe coordenada por Paulo Duarte da Comissão de Pré-História na década de 1950 e conhecido como “Miss Sambaqui”. Este crânio era de uma mulher que fazia parte do grupo de pescadores e coletores que ocuparam o litoral de São Paulo. Em torno do crânio foram encontradas muitas conchas pequenas ( Olivella ), adornos que faziam parte do ritual funerário e foram enterradas com ela. Este crânio é um símbolo importante da ocupação do litoral brasileiro por grupos pescadores e coletores do passado.

Máscara Cara Grande :topo:
Mato Grosso / Tapirapé / Plumária e fibra vegetal / Acervo MAE-USP

No contexto da performance ritual a máscara serve de veículo para materializar os diferentes seres que habitam o mundo da natureza e o sobrenatural. Por esta razão, ela detém em si toda a força do sagrado e é um veículo de expressão de ideias e conceitos do arcabouço cultural de quem a produziu. Este é o caso da máscara Tapirapé conhecida sob a denominação de ypé ou Cara Grande, que é única no seu gênero. Feita de madeira e revestida de plumas de arara e gavião, ela representa o espírito do inimigo morto em combate, sendo coroada com uma armação de penas vermelhas. Para os Tapirapé, as penas de arara vermelha são consideradas quentes como o fogo e, por esta razão, portadoras de uma força mágica especial. A máscara ypé é usada no ritual para os inimigos mortos em guerra, sendo que o mesmo é realizado para que estes seres possam dançar e ser alimentados pelos vivos.





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