23 JAN 2015 - 14 JUN 2015
Entrada Gratuita

 

Olhares Cruzados nos Museus da USP – Identidades Diversas

Calculadora Logos 270, Olivetti, Guarulhos-SP, 1974

MAC - MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

O Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo completou 50 anos em 2013. Em 1963 nascia o MAC USP, tendo como base o acervo do antigo Museu de Arte Moderna de São Paulo, que reunia as coleções do casal de mecenas Yolanda Penteado e Ciccillo Matarazzo, obras adquiridas ou recebidas em doação durante a vigência daquele museu e dos prêmios das Bienais de São Paulo, até 1961. Dedicou-se a preservar, estudar e exibir o acervo que recebera, ao mesmo tempo em que se transformava em um dos principais centros no Hemisfério Sul. Além disso, coleciona, estuda e exibe trabalhos ligados às várias vertentes da arte conceitual, aqueles relacionados às novas tecnologias e outros tipos de obras que problematizavam a tradição moderna. A pesquisa em um museu de arte contemporânea deve voltar-se não apenas para a obra de arte, como objeto autônomo, mas também para todo o sistema que a constitui em suas formas de circulação e legitimação. Neste sentido, a pesquisa no MAC USP tem como um de seus objetivos contribuir para a revisão das escritas da História da Arte e da Cultura.

VERBETES

Emiliano Di Cavalcanti
Yolanda Mohalyi
Lasar Segall
Karl Schimidt- Rottluff
Pablo Picasso

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Emiliano Di Cavalcanti:topo:
Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1897- Rio de Janeiro, RJ, Brasil,1976

Ao mesmo tempo em que inicia seus estudos de direito, começa a desenhar caricaturas e ilustrações. Logo depois, transfere-se para São Paulo, convivendo com Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Paulo Prado, Tarsila, Anita Malfatti, Brecheret, e outros artistas, escritores e intelectuais da época. Idealizador da Semana de Arte Moderna de 1922, foi o autor do projeto gráfico de seu catálogo e programa. Em 1923, viaja a Paris, por poucos anos, escrevendo e pintando. Nos anos 30, é um dos primeiros a manifestar preocupação social em sua obra. Vive em Paris às vésperas da II Grande Guerra. Em 1953, ganha na II Bienal de São Paulo (ex-aequo com Volpi) o prêmio de Melhor Pintor Nacional.
O artista mais representado na coleção MAC, tendo sido o doador ao antigo MAM – São Paulo, antecessor do MAC, de mais de 500 desenhos de sua autoria – década de 20 a 1952 – conjunto alvo de publicação específica com a catalogação geral das obras (Desenhos de Di Cavalcanti na Coleção do MAC, CNEC-MAC-USP, 1985) – Di Cavalcanti está presente no acervo também no que tange à pintura, com obras de diversos períodos de sua produção. De O Beijo, fase modernizante, de datação incerta (1922 ou 1923) a obras típicas dos anos 1940, como Vaso de Flores, Menino e Natureza Morta, Barcos de Pesca, a Pescadores, assinalando as características de inícios dos anos 50, além de uma obra tardia, como o Retrato de Yolanda Penteado. Nessa pintura, a modernidade vista pela ótica autodidata de Di Cavalcanti está bem evidenciada: na estilização das formas, verticalizante no que respeita às figuras, igual tratamento para primeiro e segundo planos, eliminação da perspectiva renascentista. Por outro lado, toda obra evoca um clima romântico peculiar à época – e à juventude do autor – e observa-se desde já neste artista, que será marcado pela abordagem da temática vinculada à sensualidade cálida da mulher brasileira, a predominância das curvas com a oblíqua dominando a composição centralizada no par amoroso.
Aracy Amaral

O Beijo, c. 1923
Têmpera s/ tela; 90,4 x 62,3 cm
Doação MAM – São Paulo, 1963

Ao mesmo tempo que inicia seus estudos de direito, começa a desenhar caricaturas e ilustrações. Logo depois transfere-se para São Paulo, convivendo com Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Paulo Prado, Tarsila, Anita Malfatti, Brecheret, e outros artistas, escritores e intelectuais da época. Idealizador da Semana de Arte Moderna de 1922, foi o autor do projeto gráfico de seu catálogo e programa. Em 1923, viaja a Paris, por poucos anos, escrevendo e pintando. Nos anos 30 é um dos primeiros a manifestar preocupação social em sua obra. Vive em Paris às vésperas da II Grande Guerra. Em 1953 ganha na II Bienal de São Paulo (ex-aequo com Volpi) o prêmio de Melhor Pintor Nacional.
O artista mais representado na coleção MAC, tendo sido o doador ao antigo MAM – São Paulo, antecessor do MAC, de mais de 500 desenhos de sua autoria – década de 20 a 1952 – conjunto alvo de publicação específica com a catalogação geral das obras (Desenhos de Di Cavalcanti na Coleção do MAC, CNEC-MAC-USP, 1985) – Di Cavalcanti está presente no acervo também no que tange à pintura, com obras de diversos períodos de sua produção. De O Beijo, fase modernizante, de datação incerta (1922 ou 1923) a obras típicas dos anos 40, como Vaso de Flores, Menino e Natureza Morta, Barcos de Pesca, a Pescadores, assinalando as características de inícios dos anos 50, além de uma obra tardia, como o Retrato de Yolanda Penteado. Nessa pintura, a modernidade vista pela ótica autodidata de Di Cavalcanti está bem evidenciada: na estilização das formas, verticalizante no que respeita às figuras, igual tratamento para primeiro e segundo planos, eliminação da perspectiva renascentista. Por outro lado, toda obra evoca um clima romântico peculiar à época – e à juventude do autor – e observa-se desde já neste artista, que será marcado pela abordagem da temática vinculada à sensualidade cálida da mulher brasileira, a predominância das curvas com a oblíqua dominando a composição centralizada no par amoroso.
Aracy Amaral

O nome de Emiliano Di Cavalcanti está indissociavelmente vinculado aos acontecimentos inaugurais do modernismo brasileiro. O então jovem e irriquieto artista foi o idealizador da Semana de Arte Moderna de 22, na qual envolveu-se ativamente, tendo sido o autor de diversas obras apresentadas na exposição de artes plásticas realizada no Teatro Municipal de São Paulo. As obras denotavam, antes de tudo, a sua posição contra o academismo, mas ainda estavam longe de indicar maior aproximação das questões colocadas pela arte moderna. No ano seguinte à Semana de 22, Di Cavalcanti embarcou para Paris, onde permaneceu durante dois anos. No retorno ao Brasil buscou conciliar o repertório das vanguardas com a formulação de um trabalho de cunho pessoal. Uma segunda permanência do artista em Paris, entre 1937 e 1940, iria atualizá-lo mais uma vez em relação ao panorama da arte internacional. A partir de então consolida seu nome no cenário da arte brasileira, desenvolvendo uma produção voltada para a retratação do Brasil em seus múltiplos aspectos, que visava, sobretudo, a afirmação de uma certa identidade nacional.
O conjunto de 564 desenhos de Di Cavalcanti que integram a coleção do MAC revelam aspectos pouco conhecidos de sua trajetória. Na verdade, Di Cavalcanti iniciou sua atividade artística como desenhista, produzindo ilustrações, charges e caricaturas. Além de sua participação na imprensa, em jornais e revistas diversas, ele ilustrou inúmeros livros. Os desenhos de Di Cavalcanti colocam-nos diante de um artista extremamente versátil, orientado pela experimentação e pela capacidade de responder às mais diferentes demandas.
Helouise Costa

Autodidata e pioneiro da arte moderna no Brasil, tem um lugar importante na nossa pintura. Seus primeiros trabalhos são influenciados por Aubrey Beardsley e pelo Art_Noveau. Publica sua primeira caricatura em 1914, no Rio de Janeiro, e transfere-se para São Paulo, a fim de dar continuidade ao curso de Direito. Em 1918, freqüenta o ateliê do pintor impressionista Georges Elpons e continua produzindo caricaturas para várias revistas, sob o pseudônimo de "Urbano". Liga-se ao grupo de jovens intelectuais e artistas entre os quais figuram Oswald de Andrade, Paulo Prado, Guilherme de Almeida, Anita_Malfatti, entre outros.

Começa a pintar em 1920 e, já em 1921, pleiteia a exposição que resulta na Semana_de_Arte_Moderna, sendo o seu idealizador - toma como modelo o Festival de Deauville, na França -, assim como é o autor do projeto gráfico do catálogo e programa. Em 1923, viaja a Paris, onde permanece até as vésperas da II Guerra Mundial.
Sua vida e obra formam uma espécie de antologia da vida artística carioca, estando entre os anos 1920 e 1940 as melhores fases de sua produção. Tanto o Cubismo e o Muralismo_Mexicano, quanto uma certa pintura onírica e sensual, marcam seu trabalho: solta seu traço como quem sonha, psicografa suas fantasias eróticas, sempre fiel ao gesto inesperado, em estado puro, instantâneo.
Analista do Rio de Janeiro noturno, satirizador odioso e pragmatista das taras sociais da época, amoroso cantador das festas, como pintor do social, opera com o popular e tem uma inocência pré-contemporânea. Afirma: "meu modernismo coloria-se do anarquismo cultural brasileiro". Em sua obra, o desenho antecede à pintura e o traço à cor, enquanto expressividade; a busca de luz e do colorido aproximam sua pintura do barroco, na medida em que mostra o empenho de situar o homem e a vida em círculos dionisíacos. Usa tons quentes, linhas sintéticas e formas livres; retrata, acima de tudo, a mulher brasileira, especialmente a mulata, dando-lhe a dignidade das madonas renascentistas.
Daisy Peccinini

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Yolanda Mohalyi:topo:
Transilvânia, Hungria, 1909 - São Paulo, SP, Brasil, 1978

Estudou na Academia Real de Budapeste, de 1927 a 1929. Pintora e aquarelista, Mohalyi transferiu-se para o Brasil em 1931 e integrou-se ao meio artístico. Aproximou-se de Segall, de quem foi aluna, amiga e admiradora. Na década de 1940, fez parte do Grupo dos Sete com Rino Levi, Antonio Gomide, Elizabeth Nobiling, Brecheret, John e Regina Graz.
Apesar da forte influência de Lasar Segall, no início de sua carreira, Mohalyi desenvolveu sua própria poética. Como pontos em comum entre os dois artistas apresentam-se: a formação européia; o convívio com o movimento modernista; os alunos (lembrar que Yolanda leciona desde sua chegada ao Brasil, em 1931, destacando o período de 1961/62, quando é convidada a ministrada aulas na FAAP – Fundação Armando Álvares Penteado); a ideia de que a arte não é regional e a forte religiosidade. A partir da década de 1950, e de experiências adquiridas com a participação em várias exposições nacionais e internacionais, surgiu nova fase “Abstração”. Nessa fase, Yolanda mantém a utilização de cores fortes, porém com grande luminosidade. Outra característica: o domínio das grandes dimensões.
Ana Farinha

Estudou na Academia Real de Budapeste, de 1927 a 1929. Pintora e aquarelista, transferiu-se para o Brasil em 1931 e integrou-se ao meio artístico. Aproximou-se de Segall, de quem foi aluna, amiga e admiradora. Na década de 1940, fez parte do Grupo dos Sete com Rino Levi, Antonio Gomide, Elizabeth Nobiling, Brecheret, John e Regina Graz.
Sua pintura inicial apresenta tendência pós-impressionista, seguida por uma figuração expressionista retratando paisagens, crianças, velhos e trabalhadores. Explorou, principalmente, a técnica da aquarela diante da nova luz tropical e da temática brasileiras.
Na década de 1950, a artista iniciou seu caminho para a abstração, mais tarde definida como lírica. Ao deparar-se com os afrescos de Piero de La Francesca, em Arezzo, na Itália, concluiu que não poderia mais pintar a figura humana, pois estava diante da “ (...) perfeita coerência e unidade de serena dignidade humana expressa em linguagem plástica (...)”. O seu conhecimento das novas propostas da Arte internacional fez com que reestruturasse sua poética, geometrizando e simplificando as figuras até atingir a abstração plena. Suas obras dessa fase apresentam a mesma sensível combinação de cores e sutis transparências das produções anteriores, mas ganham em luminosidades em variadas e desenvoltas texturas, em formas e manchas livres, em composições de grandes dimensões. Elas atestam a mestria da artista adquirida no convívio longo e profundo com o ofício da pintura, visto como um rito religioso e místico. Pode-se dizer que a artista alcançou a perfeita coerência e unidade de serena dignidade humana nas suas abstrações.
O acervo possui 29 pinturas das diferentes fases da produção da artista. Dessa coleção destacam-se as abstrações informais realizadas a partir da década de 1950, que caracterizam Mohalyi como uma das maiores representantes da tendência expressionista abstrata no Brasil. Dentre as muitas exposições que realizou no Brasil e no exterior destacam-se as participações e premiações da artista na V e VII Bienal de São Paulo (1959 e 1963) como Melhor Pintor Nacional e sala especial na VIII Bienal de São Paulo (1984).
Maria Angela Serri Francoio

Pintora e aquarelista, estuda na Academia Real de Belas Artes de Budapeste. Em 1931, transfere-se para São Paulo, integrando-se ao ambiente artístico brasileiro e aproximando-se de Lasar_Segall, cujo contato marca o início de sua obra, então figurativa. Na década de 40, faz parte do Grupo dos Sete, juntamente com Rino Levi, Antonio_Gomide, Elizabeth Nobiling, Brecheret, John e Regina Graz. Realiza mostras individuais no Brasil e no exterior. Recebe vários prêmios, entre os quais o Governo Federal e o Melhor Pintor Nacional, na V e VII Bienais de São Paulo (1959 e 1963), merecendo sala especial na VIII, em 1965. Na Dan Galeria de Arte, em São Paulo, é organizada retrospectiva de seu trabalho (1984).
Elvira Vernaschi

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Karl Schimidt - Rottluff :topo:
Rottluff, Alemanha, 1884 – Berlim, Alemanha, 1976

Pintor e gravador autodidata, incorporou o nome de sua cidade natal ao seu nome por considerá-lo muito comum. Em 1905, iniciou seus estudos de arquitetura, em Dresden. Nesse mesmo ano, junto com Heckel (1883-1970), Kirchner (1880-1938), Nolde (1867-1956), Müller (1874 -1930) e Barlach (1879-1938) fundou o grupo Die Brücke (A Ponte), primeiro núcleo expressionista da vanguarda artística alemã. O grupo propunha a união “dos elementos revolucionários em efervescência para a construção de uma frente comum” contra, entre outras coisas, as repercussões do impressionismo francês na confusa Alemanha desse período.
Die Brücke recupera a xilogravura como linguagem artística pois, há nessa técnica ilustrativa tradicional alemã, forte vínculo entre arte e comunicação, aspecto importante do programa expressionista dessa comunidade de artistas. Além disso, o trabalho gráfico sustentava a postura populista do movimento, que se mantém coeso até 1913.
Para Schimidt-Rottluff, a resistência da madeira na exploração dessa linguagem intensificou a crescente radicalização de sua poética em angulosidades, deformações e simplificações. Os contatos do artista com o Cubismo e com a Arte Africana fortificaram esse tratamento vivamente expressionista em suas produções.
Durante sua participação na Primeira Guerra Mundial realizou esculturas em madeira. Suas pinturas, antes desse período, seguiam as características formais simplificadas das gravuras e apresentavam cores puras. Após a guerra, há o rebaixamento de cores e surge uma temática religiosa.No final da década de 1920, viajou por vários países da Europa. Em Roma, freqüentou a Academia Alemã, na Villa Maximo. Após 1922, dedicou-se intensamente à gravura, parte privilegiada de sua obra. Foi perseguido na Segunda Guerra Mundial. Seu ateliê foi destruído em bombardeio e teve várias obras apreendidas em museus alemães. A partir de 1947, lecionou na Academia de Belas-Artes de Berlim. Empenhou-se para a formação do Museu A Ponte, aberto em 1967, em Berlim, reunindo a produção do Grupo. Participou, entre outras exposições, da V Bienal de São Paulo (1959) e da XXX Bienal de Veneza (1960).
Nenhum tema foi tratado com tanto vigor e austeridade pelo artista quanto o retrato. Nesse Auto-retrato, sd., expressionista o artista reduz o tratamento da composição aos elementos formais essenciais, característica de sua produção. Constrói planos por meio de superfícies negras e brancas, em oposição a áreas hachuriadas, resultantes das lascas de madeira arrancadas da matriz, para criar estruturas com formatos “de pentes”. Sobram veios negros ao redor da composição, que se somam ao predomínio de linhas de diferentes naturezas originadas por outros procedimentos aferidos na madeira. A deformação alongada da cabeça, a geometrização e a simplificação das formas são referências à arte primitiva negra.
Maria Angela Serri Francoio

Pintor e gravador. Estuda arquitetura em Dresden. Adota o nome de sua cidade natal como um segundo sobrenome. Em Dresden, conhece Kirchner e torna-se um dos líderes do Expressionismo_Alemão. Em 1905 funda o Die Brücke (A Ponte). Em 1906 conhece Emil Nolde. Em 1911 vai para a Noruega e depois se fixa em Berlim, onde encontra Feininger. Durante os anos 1920 dedica-se intensamente às artes gráficas. É perseguido pelo nazismo e expulso da Academia Prussiana de Arte, em 1933. Em 1941 é proibido de pintar e é vigiado pela polícia nazista. Entre 1943 e 1947 se retira para Chernnitz. Em 1947 vai para Berlim. Em 1967 funda o museu A Ponte, em Berlim - Dahlem. Possui obras nos principais museus do mundo, inclusive na Tate Gallery, de Londres e no MoMA, de Nova York.
Elvira Vernaschi

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Lasar Segall :topo:
Vilna, Lituânia, 1891- São Paulo, SP, Brasil, 1957

Aos 15 anos de idade, viajou para a Alemanha, onde cursou a Academia de Belas-Artes de Berlim. Em 1910, transferiu-se para Dresden, onde freqüentou a Academia de Belas-Artes dessa cidade. Dessa época, datam suas primeiras gravuras. Fez sua primeira visita ao Brasil em 1912. Em 1913, expôs em São Paulo e Campinas. Um ano depois, retornou a Dresden. A partir de 1914, participou ativamente do movimento expressionista. Fez sua segunda viagem ao Brasil em 1923, tendo se fixado em São Paulo. Seus trabalhos dessa época retratam o povo e a terra brasileiros. Segall adequou a cultura imigrante à nova pátria, assim como ajustou sua palheta às cores tropicais. Perfil de Zulmira pode ser visto como uma tentativa de definir uma temática local através do retrato. Suas primeiras esculturas datam de 1930. Em 1932, executou cenário e decoração para a inauguração da Sociedade Pró Arte Moderna (SPAM), além de ter participado de sua fundação. Em 1935, pintou uma série de retratos da pintora Lucy Ferreira tendo, em seguida, retomado os temas expressionistas. Participou das I, III, IV e V Bienais de São Paulo, e da XXIX Bienal de Veneza. Em 1970, foi fundado o Museu Lasar Segall, em sua antiga residência, na Vila Mariana.
Em Perfil de Zulmira, 1928, a figura feminina está no primeiro plano, de costas. O fundo é abstrato, numa construção geometrizada. Entre o fundo e a figura, desenha-se uma forma clara em torno do tema. Marrons, terras e ocres recebem a interferência do lilás escuro, na roupa da negra. São essas as novas luminosidades utilizadas pelo artista.
As formas simplificadas, influências cubistas, expressionistas e abstracionistas, o desenrolar de planos e a ênfase visual nas temáticas fazem parte da linguagem desse modernista.
Carmen S.G. Aranha

Frequenta a Academia Imperial de Belas Artes de Berlim, em 1906, e posteriormente a de Dresden. Em 1912, vem ao Brasil, fixando-se definitivamente no país apenas em 1923. Em sua obra estão presentes retratos, paisagens, temas brasileiros ligados à realidade social, memórias de seu passado e cenas referentes ao judaísmo. Artista versátil, Segall domina diversas técnicas expressivas como pintura, desenho, gravura e escultura. Em 1930, participa da fundação da Sociedade Pró-Arte Moderna (SPAM). Realiza diversas exposições importantes no Brasil como na I, III, IV e V Bienais de São Paulo, e no exterior, na XXIX Bienal de Veneza.
Vera Filinto

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Pablo Picasso:topo:
Málaga, Espanha, 1881 - Mougins, Alpes Marítimos, França, 1973

Dos mais importantes artistas de nosso século, é um fenômeno único de criatividade em diferentes campos da arte - pintura, cerâmica, escultura, desenho, gravura e cenografia. Filho de pintor e professor, inicia seus estudos na Escola de Belas Artes de Barcelona, onde seu pai lecionava desenho. Freqüenta a Academia de San Fernando de Madri. Em 1900, viaja para Paris, onde surge sua primeira fase, denominada de fase Azul (1901-1904). Em 1904, instala-se em Montmartre, no depois famoso Bateau Lavoir, local onde se desenvolve a estética do Cubismo e inicia sua fase Rosa (1905-1906). As artes primitivas de formas abstratas e despojadas e as artes africanas servem-lhe de vocabulário para, em 1907, pintar as Demoiselles d'Avignon, composição sem unidade, com personagens sem relevos, compostos de linhas, ângulos e planos imbricados, que prenuncia o Cubismo. Sua arte, nesse momento, lida com os objetos. Interessam-no na sua forma, estrutura e nos planos vistos de diferentes ângulos. O real é o volume e o espaço. Em 1908, com o pintor Braque, põe-se à frente do Cubismo, olhando a natureza a partir da análise geométrica. O Cubismo Analítico, de 1908 a 1911, passa por modificações, no sentido de sintetizar a composição com justaposição de planos, delimitados com cores densas; surge, a seguir, a fase do Cubismo Sintético. A partir de 1912, passa a fazer colagens sobrepostas à pintura, fragmentos de jornais e outros. Os temas predominantes são as naturezas-mortas e os instrumentos musicais. Quando o Cubismo se generaliza, Picasso, como bom contestador, renega-o e retorna à figuração, a partir de 1914. Em 1925, participa da primeira exposição surrealista e, até 1937, está ligado ao movimento, no qual se insere sua obra-prima Guernica. Em 1939, com a retrospectiva de Nova York, inicia-se um reconhecimento de sua genialidade, que vai até sua morte.
Daisy Peccinini


 





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