DESVIRTUALIZANDO: INSTALAÇÕES MULTIMÍDIAS
Período: 8/12/2009 a 31/3/2010
Local: MAC USP Cidade Universitária
Exposição de extroversão do ateliê Poéticas Visuais em Interação, coordenado pelo educador Sylvio Coutinho, traz instalações de treze participantes do programa em 2009.
Desvirtualizando: Instalações Multimídias
Desvirtualizando: Instalações Multimídias
Sylvio Coutinho
Arte-educador do MAC USP, coordenador do ateliê Poéticas Visuais em Interação e curador da presente mostra.
A atual exposição Desvirtualizando: Instalações Multimídias, do ateliê Poéticas Visuais em Interação, do MAC USP, representa um avanço em relação à última mostra desse ateliê, no ano passado. Na ocasião, foram apresentadas maquetes de todos os participantes, mas apenas algumas foram efetivamente realizadas como instalações, em função das dimensões do espaço expositivo.
Nesta mostra de 2009, a programação assegurou um espaço para a instalação de cada participante e favoreceu a hibridização de linguagens e mídias. O ponto de partida das atividades foi relacionar textos e imagens, como encontro de duas mídias fundamentais. Com esse critério, selecionamos artistas do acervo que operam de diferentes maneiras dentro dessa poética: Kurt Schwitters, Mira Schendel, Julio Plaza, Waldemar Cordeiro, Wesley Duke Lee, Carlos Scliar, entre outros. Nem todos eles se expressam com instalações, mas o ateliê quis homenageá-los nesse formato.
Em princípio, caberia a cada aluno um “container”, na forma de uma caixa de madeira, pintada de branco, na dimensão de 3m x 2,5m x 2m – e assim foram planejadas as instalações e concebidas as maquetes. Por problemas de produção, a realização dos ‘containers' foi abandonada, virtualizando-se. Permaneceram na mostra apenas seus vestígios representados por linhas tracejadas, assinalando essa ausência, agora “desvirtualizada”. Essa convenção gráfica toma por referência, visual e conceitual, o desenho projetivo arquitetônico e, também, remete a outra mídia, inspirando-se no projeto cênico inovador do filme “Dogville”, do diretor Lars von Trier.
É significativo informar, do ponto de vista arte-educativo, que o ateliê teve início numa atividade comum a todos os participantes, a partir de colagens de jornal sobre foam-board, com a interferência de pintura, vedando ou velando, as imagens e textos impressos. Essas produções se transformaram em caixas e, mais adiante, em maquetes. As inserções de objetos tridimensionais dentro das caixas em “assemblages”, geraram fotografias e vídeos que foram tratados em computador. O material digitalizado e impresso desencadeou novas intervenções de colagens e pinturas sobre objetos, numa rica transição de mídias que pode ser vista na exposição.
Na variedade de soluções encontradas pelos participantes - assegurando seu caráter singular, autoral - permanecem, em quase todas as instalações os vestígios da folha de jornal presente nas primeiras atividades da programação. A maioria dos participantes não tinha envolvimento com procedimentos da digitalidade e a partir dessa proposta passou a desenvolver uma produção exuberante em arte digital.
Essa produção digital, quando não integrada à instalação, foi reunida em data-show que complementa a mostra. No cumprimento da dimensão social inerente à arte, convidamos o público a conferir, através dos resultados obtidos, a relevância das escolhas metodológicas empregadas, e, juntos, criar significados e sentidos aos objetivos da Universidade atinentes ao ensino, à pesquisa e à difusão cultural.
Finalizamos esse texto de apresentação com os nossos cumprimentos aos expositores e agradecimentos a todos que tornaram essa realização possível. A equipe do ateliê Poéticas Visuais em Interação dedica essa mostra em homenagem e celebração à vida e obra do artista Wesley Duke Lee.