CIDADES IMAGINADAS
Período: 21/1/2010 a 2/5/2010
Local: MAC USP Ibirapuera
Hélcio Magalhães, Jonathas de Andrade e Waldo Bravo mostram uma cidade além do visível, uma cidade percebida, sonhada, imaginada. A curadoria é de Lisbeth Rebollo Gonçalves e Sylvia Werneck (adjunta).
Apresentação
Apresentação
Lisbeth Rebollo Gonçalves
Curadora e Diretora do MAC USP
A cidade tem se tornado um dos suportes preferenciais das mais variadas poéticas. Esse fato ganha cada vez maior relevância no debate estético que cerca o cotidiano das grandes metrópoles. As manifestações artísticas contemporâneas reafirmam a concepção de cidade multifacetada, porque em meio das múltiplas possibilidades de uso de materiais, espaços e tempos, rua e arte não se separam. Somente um pensamento universalista permite encarar a cidade no seu sentido polissêmico. Esse novo conceito de cidade vem abrindo espaço para o imaginário. Não é mais admissível que o traçado urbano limite-se apenas a princípios econômicos ou funcionais. Hoje em dia, é imprescindível considerar o imaginário que move seus habitantes e usuários.
A exposição Cidades Imaginadas com curadoria de Sylvia Werneck traz ao público do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo o olhar de artistas que exploram questões estéticas envolvendo a cidade. Esta é a terceira mostra que se faz, na atual gestão administrativa do MAC USP, com o tema da realidade urbana: Radiografias da Cidade aconteceu em 2007, construindo um diálogo entre o pintor, Gregório Gruber , e o fotógrafo, Bruno Giovanetti; Street Art, em 2008, apresentou, no MAC USP, a prática do Graffiti, sob a curadoria de Fábio Magalhães e Vittorio Sgarbi. Em 2010, Cidades Imaginadas descreve, com diferentes meios e modos de expressão, o exercício estético de três artistas: Hélcio Magalhães, Jonathas de Andrade e Waldo Bravo. Cada um deles elege uma via original para sua elaboração artística, quando recolhem dados do cotidiano citadino e, em disposições originais, ressignificam aspectos de sua realidade e estimulam o nosso envolvimento perceptivo. Suas obras evocam memórias individuais e coletivas, reminiscências de tempos e espaços fluídos, criando um território de códigos apropriados da trama urbana. Enfim, a mostra Cidades Imaginadas nos remete a constatação de que metáforas e atributos inerentes à urbanidade (incluindo, a cultura, a ética e o bem estar geral do cidadão), hoje, são de grande importância para sua organicidade.
Cidades Imaginadas
Cidades Imaginadas
Sylvia Werneck
Curadora-adjunta
Uma cidade abriga infinitos mundos dentro de si. Não apenas em seu aspecto físico, de múltiplas arquiteturas, contornos e fluxos, mas também pelo que fazem dela seus habitantes, transformando-a de acordo com suas convicções, hábitos e paixões . Há a dimensão do real — o que de fato existe e é visível a toda gente —, e as dimensões percebidas, sonhadas, imaginadas, que por sua vez influenciam a primeira e lhe atribuem múltiplos significados. Como definir a cidade? Qual destas inúmeras materialidades ou percepções afetivas possíveis seria sua melhor tradução?
Waldo Bravo faz sua ode à metrópole por ele adotada circulando entre o revelar e o esconder. Há uma cidade que se faz invisível justamente por ser visível — a paisagem diária que desaparece entre a pressa para tomar o ônibus e o cansaço depois de mais um dia. Essa imagem cotidiana, escondida pelo hábito, ressurge sobrepondo-se ao que antes era propaganda. Em outra série, os ícones da metrópole paulistana escondem-se em impressões distorcidas, só podendo ser decifrados quando se estabelece uma relação literalmente próxima com a imagem, que só se revela por seu reflexo no espelho.
Jonathas de Andrade percorreu o Recife entrevistando moradores aleatoriamente, seguindo o roteiro de um formulário de 1981 sobre costumes morais e de convivência, à cujas perguntas os entrevistados reagiam com diversos graus de estranhamento. As respostas à estas regras de comportamento são acompanhadas de imagens que remetem aos lugares visitados em uma escala mais íntima, da casa. Esta tentativa de mapeamento moral extemporâneo coloca sobre a estrutura física da cidade uma outra possibilidade (ainda que frustrada) de classificação, que começa na menor célula urbana, a da família, e se multiplica para ocupar o território.
Por fim, Hélcio Magalhães monta um mosaico de contraposições entre personagens, lugares e registros oficiais. Da captura de momentos da vida corrente do centro de São Paulo passa-se à foto de documento, atemporal, que se pretende despida de significados subjetivos e daí aos retratos posados, de estúdio, em que o retratado cede espaço à fantasia de encarnar personagens. Todas estas esferas convivem simultaneamente e todas dizem algo desta malha de relações que forma o tecido urbano.
Press Realese
Press Realese
Os espaços e as imagens das cidades sempre receberam atenção dos artistas na construção das mais variadas poéticas. O debate contemporâneo aprofunda essa relação ao apresentar a cidade não só pelo seu aspecto físico, suas arquiteturas e paisagens, mas muito mais pelo que ela representa para seus habitantes. A exposição Cidades Imaginadas oferece ao público o olhar de três artistas que exploram questões estéticas envolvendo a cidade. Waldo Bravo, Hélcio Magalhães e Jonathas de Andrade buscam mostrar a cidade além do que é visível, aproximando o público daquilo que pode ser percebido, sonhado, imaginado.
Para Lisbeth Rebollo Gonçalves , curadora da exposição, "o novo conceito de cidade vem abrindo espaço para o imaginário. Não é mais admissível que o traçado urbano limite-se a princípios econômicos ou funcionais. É imprescindível considerar o imaginário que move os habitantes e usuários das cidades". Em Cidades Imaginadas cada um dos artistas recolhe dados do cotidiano da metrópole e, de modo original, adiciona novo significado à realidade estimulando o envolvimento perceptivo do público.
Waldo Bravo circula entre o revelar e o esconder. A cidade se faz invisível justamente por ser tão visível, como a paisagem diária que desaparece entre a pressa para tomar o ônibus e o cansaço no final de mais um dia. Em outra série, os ícones da metrópole paulistana escondem-se em impressões distorcidas, decifradas quando o espectador se aproxima da imagem e a revela refletida em um espelho.
Jonathas de Andrade entrevistou moradores de Recife seguindo o roteiro de um formulário de 1981 sobre costumes morais e de convivência. O estranhamento dos entrevistados é acompanhado de imagens que remetem aos lugares visitados em uma escala mais íntima, da casa. "Esta tentativa de mapeamento moral extemporâneo coloca sobre a estrutura física da cidade uma outra possibilidade, ainda que frustrada, de classificação, que começa na menor célula urbana, a da família, e se multiplica para ocupar o território", observa Sylvia Werneck, curadora-adjunta da exposição.
Hélcio Magalhães monta um mosaico de personagens, lugares e registros oficiais. Para isso captura imagens da vida corrente do centro de São Paulo, usa fotografias de documentos, atemporais, que se pretendem despidas de significados, e retratos posados, de estúdio, em que o retratado cede espaço à fantasia de encarnar personagens. Apresentadas assim, em convívio simultâneo, as imagens tecem uma malha de relações que forma o tecido urbano da grande metrópole.
Assessoria de Imprensa
Sérgio Miranda - smiranda@usp.br
Galeria