A FRANÇA NO MAC
Período: 1/2/2009 a 21/2/2010
Local: MAC USP Cidade Universitária
No ano da França no Brasil a exposição se desdobra nos dois espaços do MAC USP para mostrar não só os artistas franceses mas o reflexo da Escola de Paris na produção de outros artistas do acervo do Museu. Na Cidade Universitária estão pinturas e esculturas de André Masson, Georges Braque, Henri Matisse, Cesar Baldaccini, Kandinsky, Chagall, Picasso e Fernand Léger, entre tantos outros. No Ibirapuera estão obras em papel de Pierre Soulages, Jean Tinguely, Henri-Georges Adam e Jean Rustin, entre outros artistas.
Apresentação
Apresentação
Lisbeth Rebollo Gonçalves
Diretora do MAC USP
Lançamos aqui um olhar sobre o acervo internacional do MAC, focalizando a presença da França nesta coleção, iniciada por Ciccillo Matarazzo e Yolanda Penteado na segunda metade dos anos de 1940, depois de finda a segunda grande guerra.
Na época, havia no mercado internacional a possibilidade de compra, a bom preço, de obras de nomes significativos da história da arte do século XX. O casal Matarazzo, com a orientação de críticos brasileiros e estrangeiros, adquiriu, então, obras de artistas expressivos nos movimentos de vanguarda.
Na Cidade Universitária apresentamos um recorte dessa coleção que permite uma aproximação à arte moderna através do contato vivo com obras de artistas relevantes nesse contexto. Uma sala especial nos remete aos artistas procedentes de diferentes países que se afirmaram no universo da abstração, por via da ação cultural da galeria Denise René. A obra Expansão Controlada, de César, uma das premiadas na IX Bienal de São Paulo, em 1967, foi comprada pelo MAC no ano seguinte. O artista foi um dos expoentes do Novo Realismo, movimento que se desenvolveu na França ao longo daquela década.
O recorte que apresentamos na sede do Museu no Parque Ibirapuera permite uma aproximação ao acervo em suporte papel que, em conjunto tão expressivo, raras vezes foi mostrado no MAC. Há obras de artistas, como Henri-Georges Adam, Jean Arp, Honoré Marius Bérard, Alexandre Bonnier, Louise Bourgeois, Jean Dewasne, Anne Ethuin, Félix Labisse, Henri Laurens, Alfred Manessier, François Morellet, Roman Opalka, Jean Rustin, Pierre Soulages, Roger Viellard, Hervé Fischer, Fred Forest e Jean Paul Thenot.
No Ano da França no Brasil a exposição homenageia um país amigo que é um símbolo da cultura e da arte.
A França no MAC
A França no MAC
Galeria de Arte Denise René
As 13 obras que aqui se apresentam testemunham a intensa atividade da galerista parisiense Denise René. Na liberação de Paris, no fim da II Guerra Mundial, Denise René abre as portas de sua galeria para dar visibilidade às tendências da abstração na França, além de render homenagem aos mestres da Escola de Paris no entre-guerras. É justamente na relação com artistas como Max Ernst e Francis Picabia, que vivenciam o ambiente da Escola de Paris e, com artistas mais jovens do pós-guerra, que ela constrói um espaço para propor uma interpretação do fenômeno da abstração naqueles anos.
Jean Arp, Cícero Dias, Alberto Magnelli, Hans Hartung, Pierre Soulages, Serge Poliakoff, Francis Picabia e Victor Vasarely são artistas cujas carreiras perpassam sua representação por Denise René. Uma das questões fundamentais que constituem o diferencial das atividades da galeria nos anos 1950 e 1960 é o fato de Denise René buscar sempre colocar a produção francesa em relação às tendências internacionais, privilegiando artistas de raiz construtivista – e países da então cortina de ferro, como a Polônia -, bem como construir a ponte entre a produção latino-americana e a produção européia.
Além de propulsora das tendências abstratas daqueles anos, Denise René também articula o grupo de cinéticos à sua volta. Com a exposição Le mouvement [O movimento], organizada em 1955, a galerista torna-se uma referência na evolução do cinetismo, ampliando o espaço para artistas latino-americanos como Julio Le Parc e Rafael Jesus Soto, ao lado de Vasarely, entre outros.
Ana Magalhães
A França no MAC - César Baldaccini
A França no MAC - César Baldaccini
Na sua produção artística, César possui três momentos principais em seu trabalho: o das esculturas metálicas, o das Compressões e o das Expansões .
Expansão Controlada representa uma fase antagônica a Compressões (1960 e 1965), fase anterior da produção de César. A série Expansões é realizada como um happening , tendo na preparação a presença do público. No final da década de 1960, são realizadas expansões públicas em diversas cidades como Munique, São Paulo, Rio de Janeiro e Montevidéu. Resina líquida de poliuretano é utilizada como matéria-prima. Esse material, entre suas características, possui capacidade de expansão, aspecto atribuído por possuir um catalizador na mistura que se cristaliza ao ar livre. A encenação na produção do objeto artístico é utilizada por críticos de arte para classificá-lo no "novo realismo”.
Esse movimento artístico, liderado por Pierry Restany , alia percepção e comunicação sensíveis à intuição cósmica. Integra técnica industrial, mass-media e publicidade à poética da vida urbana contemporânea. Contudo, o diferencial de Expansão Controlada encontra-se na sensação de controle, que se manifesta, tanto na sua forma como em suas cores, que apresentam um espectro neutro. Nesta obra, pertencente ao Acervo do MAC USP, observa-se a interferência do artista, na medida em que a expansão do material é controlada e dirigida, tanto em nível cromático como formal.
Alecsandra Matias de Oliveira
Galeria