ARTE FRÁGIL, RESISTÊNCIAS
Período: 16/6/2009 a 16/8/2009
Local: MAC USP Ibirapuera
Selecionadas pelos curadores Jacques Leenhardt (França) e Lisbeth Rebollo Gonçalves (Brasil), as 37 obras - entre fotografias, esculturas, vídeos e instalações – apresentam as reflexões de artistas brasileiros e franceses sobre temas ligados ao meio ambiente dentro do contexto da arte contemporânea.
Arte Frágil, Resistências
Arte Frágil, Resistências
Lisbeth Rebollo Gonçalves
diretora MAC USP
curadora da participação brasileira
A exposição Arte Frágil, Resistências é um dos projetos do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo para o Ano da França no Brasil. A mostra apresenta artistas brasileiros e franceses cujo trabalho vem sendo permeado por uma reflexão ligada, direta ou indiretamente, a temas da natureza em sociedades urbanas e industriais, sempre apoiada em procedimentos da criação artística contemporânea.
Dos anos 1970 para cá, a questão da natureza vem permeando a arte em múltiplas manifestações. A prática se estende das intervenções na paisagem às instalações, à arte multimídia e à performance, entre outros modos de expressão.
Na dinâmica da arte com a realidade social, pode-se considerar que existe um verdadeiro “movimento” que projeta a questão da Terra, da paisagem natural, dos ecossistemas como ponto de referência crítica e poética no fazer criativo dos artistas contemporâneos. E, de alguma forma, o trabalho desses artistas está contribuindo para demonstrar uma preocupação, cada vez maior, com o grande declínio do equilíbrio dos ecossistemas. Deste modo, de um ponto de vista ético, a prática dessa arte, ainda que não intencionalmente, reverte para a consciência da necessidade de mudança de atitudes e da promoção de sustentabilidade.
No decênio de 1970, esta problemática aparece no contexto das Bienais existentes e, marcadamente, na de São Paulo. A exposição coloca em evidência, num espaço introdutório, a colaboração entre o brasileiro Frans Krajcberg e o francês Pierre Restany, que produziram e assinaram juntos o Manifesto do Naturalismo Integral, também chamado Manifesto de 1978. Este segmento da mostra se vale do apoio e do empréstimo de documentação pertencente aos Arquivos de Crítica de Arte, de Chateaugiron, na França, que guardam os arquivos de Restany. No seu segmento introdutório, é posta em destaque, da mesma forma, a contribuição do grupo brasileiro Etsedron, pioneiro na realização de práticas artísticas contemporâneas junto a comunidades rurais ou periféricas, com a dimensão crítica de inclusão social. Edson da Luz , que foi um dos principais mentores do grupo, reconstituiu, para o MAC, trabalhos tridimensionais com cipó, matéria-prima extraída da Mata Atlântica.
No espaço expositivo, diferentes abordagens da problemática sugerida pela curadoria podem ser vivenciadas e observadas nos trabalhos de Amélia Toledo, Brígida Baltar, Caio Reisenwitz, José Bento, Laura Belém, Ricardo Ribenboim e Walter Goldfarb. O curador Jacques Leenhardt, responsável pela participação francesa, trouxe à exposição trabalhos de Erik Samakh, Franck Gérard, François Méchain, Gloria Friedmann, Jean-Charles Pigeau, Jean-Paul Ganem, Laura Lamiel e Michel Blazy.
As noções de fragilidade e resistência se aproximam na designação da mostra, construindo uma brecha para o espectador se aproximar das obras, com sua qualidade intrínseca, envolvendo-nos por via de suas imagens e conceitos e de situações criadas no percurso desta exposição.