30 JAN 2016 - 27 MAR 2016
Entrada Gratuita

 

Depero Futurista e Artista Global


[english]
Depero futurista e a obra de arte total

Ana Magalhães

No ano da Itália na América Latina, o MAC USP recebe a mostra Depero futurista e artista global, com curadoria de Maurizio Scudiero e o apoio do Istituto Italiano di Cultura de São Paulo. A mostra reúne um conjunto da produção gráfica do artista, principalmente feita no âmbito de suas relações com a publicidade.

Embora muito populares e certamente presentes na memória coletiva, talvez não lembremos que os cartazes históricos da marca italiana de bebidas Campari (alguns dos quais aqui presentes) fossem de autoria de Fortunato Depero (1892-1960). Nascido no norte da Itália, na pequenina cidade de Rovereto, perto de Trento, o artista aderiu ao movimento futurista em 1914 e nele se engajou ao longo de toda a carreira. A Casa d'Arte (sua casa-ateliê-fábrica), transformada em museu em 1957 e localizada em sua cidade natal, é testemunha de sua intensa produção artística, entendida por ele num campo expandido.

Em 1915, Depero lançou com Giacomo Balla o manifesto Ricostruzione futurista dell'universo, no qual defendia a noção de obra de arte total: o homem moderno cercado de objetos futuristas. Esta proposição inicialmente deu origem às chamadas case d'arte (ou "casas de arte"), em que a decoração dos interiores foi por eles pensada em sua totalidade, na elaboração de objetos de decoração, painéis, tapeçarias, móveis, etc. A Casa d'Arte de Depero, num primeiro momento, foi lugar de produção desses objetos, mais tarde estendendo-se à produção de cartazes publicitários. Sua verve de homem de negócios é conhecida e vem sendo revisada pela historiografia mais recente sobre o futurismo italiano, na qual seus cartazes publicitários ganharam novo estatuto e devem ser interpretados à luz da relação da arte moderna com os meios de comunicação de massa.

A exposição que ora recebemos ilumina precisamente esta outra dimensão de uma vanguarda histórica já bem sedimentada nos manuais de arte moderna, e que encontra suas reverberações no acervo do MAC USP, pela presença dos icônicos gessos futuristas de Umberto Boccioni. Ela também dialoga com o conjunto importante que o acervo paulista guarda de proposições dos modernistas brasileiros para a publicidade e para a decoração de interiores.




[português]
Futurist Depero and the total work of art

Ana Magalhães

In the year of Italy in Latin America, MAC USP hosts the exhibition "Futurist and global artist Depero", curated by Maurizio Scudiero and supported by the Istituto Italiano di Cultura in São Paulo. The exhibition brings together a set of the artist's graphic production, mainly made in the context of his relationship with advertising.

Although very popular and certainly present in collective memory, the historical posters of the Italian brand of drinks Campari (some of which present here) were created by Fortunato Depero (1892-1960). Born in Northern Italy, in the small town of Rovereto, near Trento, the artist joined the Futurist movement in 1914 and engaged in it throughout his career. His Casa d'Arte (home-studio-factory), turned into a museum in 1957 and located in his hometown, is testimony to his intense artistic production, considered by him in an expanded field.

In 1915, Depero with Giacomo Balla launched the manifesto Ricostruzione futurista dell'universo, in which they advocated the notion of the total work of art: the modern man surrounded by futuristic objects. This proposal initially gave rise to the case d'arte (or "art houses"), where the interior design was entirely conceived by them, in the creation of decorative objects, panels, tapestries, furniture etc. The Casa d'Arte di Depero, at first, was the place of production of these objects, later extending to the production of advertising posters. His businessman verve is known and has been revised by the latest historiography on the Italian futurism, in which his posters have gained new status and must be interpreted in the light of the relationship between modern art and mass media.

The exhibition that we now receive illuminates precisely this other dimension of a historical avant-garde already well settled in the handbooks of modern art, which finds its reverberations in the collection of MAC USP through the presence of Umberto Boccioni's iconic futuristic sculptures. It also dialogues with the important set that the paulista collection holds of projects and proposals by Brazilian modernists for advertising and for interior decoration.





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