30 JAN 2016 - 27 MAR 2016
Entrada Gratuita

 

Depero Futurista e Artista Global


[english][italiano]
Depero: futurista e artista global

Fortunato Depero abraçou o Futurismo em 1914, juntamente com seu mestre e amigo Giacomo Balla, e foi, por dois anos, abstracionista-futurista: posição de vanguarda absoluta naquela época, na Itália. Voltou-se, então, à figuração, mas tornando-a "mecânica", com suas criações teatrais como Os Bailes Plásticos, para o qual substituiu os bailarinos por autômatos. Em seguida, em 1915, depois de escrever com Giacomo Balla um manifesto revolucionário que propunha a "reconstrução futurística do universo", levou sua arte para a vida cotidiana, idealizando móveis, decoração, tapetes, tecidos coloridos e também publicidade porque, dizia, "a rua será nosso museu"!

Depero foi também o único futurista que enfrentou realmente aquele Futuro apenas imaginado pelos futuristas italianos: Nova York. Chegou à cidade em 1928 e lá permaneceu até quase o final de 1930, período de imenso fervor arquitetônico que acabou por modificar a linha do horizonte da metrópole norte-americana, transformando-a já quase naquilo que conhecemos hoje. Em Nova York, Depero viu os arranha-céus, viadutos e metrôs que havia apenas imaginado na Itália. E fixou essa lembrança em muitas de suas obras. Mas em Nova York o terreno era fértil também para suas criações gráficas, especialmente no campo editorial com Vogue, Vanity Fair, entre outras revistas.

Porém, ao voltar dos Estados Unidos, passou por uma espécie de "colapsos da pulsão utópica": tinha visto e vivido tudo o que os futuristas haviam apenas imaginado e assim, para ele, não havia mais nada a imaginar. Em outras palavras, havia superado o Futurismo, e por essa razão sua arte se transformou em algo "novo", que ainda dava curso à lição futurista, mas trazia à tona também sugestões metafísicas, como demonstram as obras nas quais seu novo interesse pelos objetos cotidianos confronta-se com um "vazio" que pode ser definido como cósmico, ainda que venha a se tornar cada vez mais concreto. Na segunda metade dos anos 1940 viverá uma segunda aventura americana (de 1947 a 1949), mas Nova York não era mais a mesma para ele, de modo que permaneceu grande parte do tempo trabalhando na sossegada New Milford, em Connecticut.

A mostra se encerra com uma obra de 1950 que reflete suas novas ideias teóricas sobre uma arte que definiu como "nuclear", ou seja, uma fusão entre valores concretos e abstratos finalizada a alcançar um "núcleo" de interpretação e transfiguração dos valores iniciais que assumem, assim, nova forma e valor. Trata-se de "Íris nuclear de galo".

Em resumo, é preciso dizer que todas essas ideias de vanguarda foram paradoxalmente as que o prejudicaram do ponto de vista crítico, até poucos anos atrás. Na verdade, um mundo da arte por muito tempo fossilizado e concentrado na pintura não podia compreender alguém que a havia superado exatamente porque o século XX havia trazido tantas e tão novas sugestões que não era mais possível aprisioná-las apenas na superfície da tela. Hoje, ao contrário, como bem demonstrou a grande exposição sobre o Futurismo de 2013 no Museu Guggenheim de Nova York, a arte de Depero foi profundamente reavaliada e o colocou entre os grandes precursores da arte do século XX.

Maurizio Scudiero
Curador




[português][italiano]
Depero futurist and global artist

Fortunato Depero embraced Futurism in 1914, along with the teacher and friend Giacomo Balla, and for two years he was an abstractionist-futurist: a position of absolute avant-guard for Italy at the time. Thus, he stepped back to figurativism, but a "mechanical" figurativism, because of his theatrical creations, such as "The Plastic Ballets", where he replaced dancers with automatons. Then, following a revolutionary manifesto he wrote in 1915 with Balla, where they aimed to "reconstruct the universe futuristically", he brought his art in everyday life, beginning with designing furniture, furnishings, carpets and tapestries, and even advertising because, he said, "the road will be our gallery."

Depero was the only futurist who faced with the effective implementation of the future imagined by Italian futurists: New York. He arrived there in the 1928 fall and remained until the fall of 1930, that's to say in the period of the greatest architectural fervor that would have changed the skyline of the North American city into what we know today. Hence in New York Depero saw the skyscrapers, the elevated and subway railways that he had only imagined in Italy. And he fixed in the memory this landscape and later he recalled in many of his works. But in New York he also found fertile ground for his graphic creations, especially in publishing, with magazines such as Vogue, Vanity Fair, etc.

However, once he had come back from America he experienced a sort of "fall of the utopian impulse", that is to say he had already seen and lived all what the futurists had only imagined. Consequentely, for him, there was nothing else to imagine. He had, in fact, overcome Futurism, and therefore his art turned into something "new", where he still felt the futurist lesson, but where also came along some metaphysical suggestions, as evidenced by those works where his new interest in everyday's objects is compared with an "emptiness" that could be called cosmic, although gradually becoming more and more concrete. Then, with the second half of the forties, there will be a second American adventure (1947-1949), but this time New York for him was no longer the same city and he then spent most of his stay by working in the quiet atmosphere of New Milford, Connecticut.

The exhibition closes with a work dated 1950 that reflects his new theoretical ideas of an art he called "nuclear", meaning with this the casting of concrete values with abstract ones in order to achieve a "core" of interpretation and transfiguration of the initial values that, in this way, take new form and value. It is "Nuclear iris of a rooster".

In short, it must be said that all these avant-garde ideas were the same that, from a critical point of view, paradoxically penalized him until few years ago. In fact, an Art system for too long time fossilized and centered on painting, could not understand someone who overcame painting, just because the twentieth century had brought so many new suggestions that it was no longer possible to confine them only on the surface of the canvas.

Today, however, as the major exhibition on Futurism in 2013 at the Guggenheim Museum in New York has greatly demonstrated, the art of Depero has been widely re-evaluated and has placed him among the great forerunners of the twentieth century.

Maurizio Scudiero
Curador




[português][english]
Depero futurista e artista globale

Fortunato Depero è stato un autentico precursore nel panorama delle avanguardie del XX secolo. Abbracciato il Futurismo nel 1914, assieme al maestro e amico Giacomo Balla fu per due anni astrattista-futurista: una posizione di assoluta avanguardia per l'Italia di allora, e che appunto non fu compresa. Rientrò quindi nella figurazione che rese però "meccanica", per via delle sue creazioni teatrali come "I Balli plastici", dove sostituì i ballerini con automi. Poi, a seguito di un rivoluzionario manifesto scritto con Balla già nel 1915 che si proponeva di "ricostruire futuristicamente l'universo", portò la sua arte nella vita quotidiana, iniziando ad ideare mobili, arredi, tappeti ed arazzi e anche la pubblicità perché, diceva, "la strada sarà la nostra galleria!".

Nel 1919 a Milano esponendo questi suoi cosiddetti arazzi (che in realtà erano tarsie di panni colorati) li definì "quadri in stoffa" e nessuno (anche fino a tempi recenti) comprese quella che era una posizione concettuale di assoluta preminenza perché, in altri termini Depero già nel 1919 aveva affermato che l'epoca del quadro dipinto era finita e che si poteva realizzare un quadro con qualsiasi materiale. anche con le stoffe. In ciò anticipando l'Arte Povera di almeno 40 anni. Mentre le sue creazioni pubblicitarie e tipografiche, come il famoso "libro imbullonato" (primo libro-oggetto della storia dell'arte) hanno invece anticipato (e ispirato) la Pop Art.

La mostra dunque si prefigge di presentare una qualificata selezione di opere provenienti da collezioni italiane ed alcune dall'estero, con l'intento di documentare quanto detto più sopra, e cioè la grande verve creativa di questo artista che sapeva migrare con assoluta facilità dalle tele dipinte, alle stoffe, alle carte colorate dei suoi collage.

Depero fu anche l'unico futurista che si confrontò con l'effettiva realizzazione di quel Futuro solo immaginato dai futuristi italiani: New York. Vi giunse nell'autunno del 1928 e rimase sino all'autunno del 1930, cioè proprio nel periodo di maggior fervore architettonico che avrebbe cambiato lo skyline della metropoli nordamericana in quello che grossomodo conosciamo oggi.

Dunque a New York Depero vide i grattacieli, le sopraelevate e le subway che aveva solo immaginato in Italia. E ne fissò la memoria in molte sue opere. Ma a New York trovò anche il terreno fertile per le sue creazioni grafiche, specie in campo editoriale, con Vogue, Vanity Fair, ecc.

Poi, però, rientrato dall'America ebbe una sorta di "caduta della pulsione utopica", vale a dire che lui aveva visto e vissuto tutto quello che i futuristi avevano solo immaginato e quindi, per lui, non c'era più nulla ancora da immaginare.

Aveva, insomma, superato il Futurismo, e perciò la sua arte si trasformò in un qualcosa di "nuovo", dove si sentiva ancora la lezione futurista, ma dove montavano anche suggestioni metafisiche, come dimostrano quelle opere dove il suo nuovo interesse per gli oggetti quotidiani si confronta con un "vuoto" che potremmo definire cosmico, sebbene via via diverrà più concreto.

Poi con la seconda metà degli anni Quaranta vi sarà una seconda avventura americana (dal 1947 al 1949) ma New York per lui non era più la stessa e quindi passò gran parte del soggiorno lavorando nella quiete di New Milford, nel Connecticut.

La mostra chiude con un'opera del 1950 che riflette le sue nuove idee teoriche di una arte che definì "nucleare", intendendo con ciò la fusione dei valori concreti con quelli astratti per il raggiungimento di un "nucleo" di interpretazione e trasfigurazione dei valori iniziali che assumono così nuova forma e valore. Si tratta di "Iride nucleare di gallo".

Va detto, in conclusione a questa breve presentazione, che tutte queste idee d'avanguardia paradossalmente furono quelle che lo penalizzarono, da un punto di vista critico, sino a pochi anni fa. Infatti, un mondo dell'arte troppo a lungo fossilizzato e centrato sulla pittura, non poteva comprendere chi la pittura l'aveva superata proprio perché il XX secolo aveva portato nuove e tante suggestioni che non era più possibile confinare solo sulla superficie della tela.

Oggi, invece, e la grande mostra sul Futurismo del 2013 al Guggenheim Museum di New York lo ha ampiamente dimostrato, l'arte di Depero è stata ampiamente rivalutata e lo ha collocato tra i grandi precursori dell'arte del XX secolo.

Il Curatore
Arch. Maurizio Scudiero





© 2016 Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo