28 SET 2013 - 3 MAI 2015
Entrada Gratuita

Fronteiras Incertas:
arte e fotografia no acervo MAC USP


No ano de 1974 o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo apresentou em sua sede a exposição Fotografia Experimental Polonesa, que resultou na incorporação de 38 obras ao acervo do museu. Passados 40 anos esse conjunto fornece o testemunho de um período de intenso debate, não só sobre o rompimento das fronteiras entre os territórios da arte e da fotografia, como também acerca da incipiente presença da imagem fotográfica em museus e galerias naqueles anos. Essas obras indicam ainda que as décadas de 1960 e 1970 foram marcadas pela experimentação e pela internacionalização de certos procedimentos que levaram ao estabelecimento do que se convencionou chamar de “campo expandido”, no qual a fotografia avançou para além dos limites da bidimensionalidade de seu suporte tradicional, fundiu-se a outros dispositivos imagéticos e tornou-se elemento recorrente na arte contemporânea.

Esta exposição reúne obras do acervo do MAC USP incorporadas nos anos de 1970, bem como aquisições recentes, datadas dos últimos quatro anos. Em menor número, estão incluídas fotografias da Coleção do Banco Santos sob a guarda provisória do museu. O recorte temporal vai de 1962 a 2010, período que abarca desde o declínio da fotografia moderna, passa pelo momento pioneiro de assimilação de fotos pelos acervos dos museus de arte no Brasil e chega aos dias de hoje em que as tecnologias digitais libertaram as imagens de seus suportes materiais, dotando-as de uma fluidez e uma maleabilidade inéditas. O que se vê, já a partir do final da década de 1960, são imagens híbridas resultantes de um diálogo entrecruzado de técnicas e saberes, tais como pintura, escultura, fotografia, vídeo, cinema, teatro, literatura, jornalismo, moda, design, ciência e computação para citar apenas algumas entre múltiplas possibilidades.

Os diferentes segmentos que compõe esta mostra foram organizados em torno das obras da década de 1970, consideradas antecessoras de certas problemáticas revisitadas pelos trabalhos mais recentes. Não se buscou tomá-las como indícios de inovações estilísticas, mas como a materialização das inúmeras inquietações que mobilizaram fotógrafos e/ou artistas a respeito da arte, da cultura, da política e da sociedade em geral naquele momento de profundas transformações. O que essa exposição vem mostrar, em última instância, é que as obras incorporadas por um museu conferem um novo significado ao acervo já existente, ao passo que esse mesmo acervo em seu conjunto permite que as obras recém-chegadas ganhem perspectiva histórica. Destas contaminações recíprocas emergem possibilidades renovadas de entendimento dos fenômenos artísticos e da contribuição dos museus na contemporaneidade.

Helouise Costa
Curadora





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