23 SET 2017 - 29 OUT 2017
Entrada Gratuita

 


Projeto Nascente 25 anos
Katia Canton

Divisão de Pesquisa em Arte - Teoria e Crítica MAC USP

É um enorme prazer para o MAC USP sediar a mostra que comemora um quarto de século do projeto Nascente, em suas modalidades de artes visuais, design e audiovisual. O projeto foi idealizado no final de 1990 pelo então pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária da USP, professor João Alexandre Barbosa e, durante vários anos, ganhou corpo através de uma parceria entre a USP e a editora Abril. O professor João Alexandre lançou a ideia para o jornalista Juca Kfouri, que acatou o mote "Cadê seu talento?", marcando logo de início o caráter interdisciplinar do projeto.

A intenção era criar um espaço para que todos os alunos de graduação e pós-graduação da USP pudessem mostrar sua produção, independentemente de sua área de estudos na Universidade. Quem imaginaria descobrir na Faculdade de Física um ótimo escritor ou, na Biologia, um músico ou artista visual de talento?

Desde seu início, o núcleo de artes visuais, intitulado Visualidade Nascente, passou a ser coordenado pela então diretora do MAC USP, a professora Ana Mae Barbosa, que me atribuiu essa função a partir do meu ingresso na Universidade, pelo Museu de Arte Contemporânea. Assim se passaram as primeiras 13 edições do projeto, nos quais mergulhamos vigorosamente e de forma bastante experimental no universo do novo.

Naqueles anos iniciais o MAC USP trabalhou ao lado da Pró-reitoria de Cultura e Extensão. Fazíamos de tudo: organizávamos a comissão julgadora, realizávamos a curadoria e criávamos eventos de difusão do projeto, com palestras, mesas-redondas e discussões abertas ao público. Além disso, buscávamos, sempre que possível inserir artistas jovens e projetos premiados em eventos para além do contexto da própria Universidade. Passamos até mesmo a convocar alunos da ECA USP para internamente desenhar os catálogos e criar campanhas publicitárias de divulgação do projeto. As exposições aconteciam inicialmente no próprio MAC USP ou no Centro Maria Antonia (CEUMA).

Depois da 13ª edição, o Nascente passou por um processo de profissionalização, foi ampliado e repensado por um Conselho eleito pela reitoria da USP. As equipes de júri e curadoria passaram a seguir comissões que se alternavam de acordo com indicações. Os espaços para as exposições do Visualidade Nascente também se modificaram e passaram a ocupar outros locais da Universidade.

No meio de toda essa história, o mais importante é a vitalidade do projeto. O Nascente não apenas permanece vivo e pulsante como continua apresentando obras que instigam e geram pensamento sobre os devires da produção artística e cultural.

É bom lembrar que das edições anteriores do Visualidade Nascente surgiram nomes hoje referenciais no cenário da arte contemporânea brasileira, como José Rufino, Rosana Paulino, Tonico Lemos Auad, só para citar alguns. As outras modalidades do projeto também lançaram importantes referências na literatura, nas artes cênicas, na música e no vídeo.

Diferentemente de certas discussões que surgiram nos anos de 1990 sobre uma eventual desmaterialização da obra de arte, a história consistente do Nascente tem demonstrado a tendência de pluralidade e a convivência entre modos experimentais e tradicionais de fazer arte. E isso se faz ainda que através de uma leitura emoldurada pelo novo. De fato, o que se vê, cada vez mais, é um posicionamento cultural inclusivo, que justapõe suportes e mentalidades artísticas.

Na presente edição, para além de uma representatividade marcante da fotografia, artistas apresentam também pinturas, gravuras, desenhos, performances e objetos, utilizando materiais dos mais variados, de telas e papéis a tecidos e bordados, de madeira à pedra, do látex ao cimento. Temos muito a comemorar com a edição dos 25 anos do Visualidade Nascente. O MAC USP, sua primeira casa, reitera assim sua vocação para apostar e atribuir visibilidade ao novo.

© 2017 Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo