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Carlos Prado
São
Paulo, SP, 1908
São
Paulo, SP, 1992
Importante nome da segunda geração do modernismo paulista,
Carlos da Silva Prado, ao se referir certa vez sobre seus trabalhos,
disse : são experiências íntimas entre
mim mesmo e o universo, interpretá-lo talvez. Apesar
de pertencer à aristocracia (era neto de Paulo Prado), desenvolveu
sua arte voltada para o social e popular. Não dependia de
sua pintura para sobreviver, e paralelamente, durante sua vida,
foi nutrindo um forte desprezo pelos determinismos do mercado das
artes. Conservou-se figurativista até sua morte.
Após concluir o curso de engenharia e arquitetura viajou
para a Europa a fim de se aperfeiçoar em urbanismo. Ao retornar
ao Brasil, no início da década de 30, chegou a exercer
a profissão, mas logo se interessou pela pintura, sendo incentivado
por Quirino da Silva. Instalou ateliê com Flávio
de Carvalho, Antônio
Gomide e Di Cavalcanti,
na R. Pedro Lessa n º 2. Ali fundaram o Clube do Artistas Modernos,
um clube irreverente aderido ao marxismo e dedicado às manifestações
de vanguarda, provocativas e de conotação política
e psicológica. A obra Violeiros é deste período,
e resguarda afinidades estéticas e temáticas com seus
amigos, embora o objetivo do ateliê não fosse codificar
uma linguagem específica.
Nestes tempos, como tantos outros artistas também fascinado
pelo muralismo mexicano, realizou uma obra diversificada, entre
cenas urbanas, retratos, paisagens e naturezas mortas. Apesar das
incursões muitas vezes bem sucedidas, de um vigor expressionista
com a tinta a óleo, preferia a técnica do lápis
e do nanquim. Entre desenhos, pinturas e gravuras, sempre que possível
acentuava as temáticas sociais, populares e os componentes
surrealizantes.
Expôs pela primeira vez em 1935 no tradicional Salão
Paulista de Belas Artes, recebendo menção honrosa.
Três anos depois expunha no revolucionário 2 º
Salão de Maio. Realiza mostra individual em 1943 em São
Paulo, e em 1947 em Nova York. Participa de algumas Bienais e de
outros Salões Paulistas. Seu realismo social, confundido
outrora como academicismo, na verdade sempre foi engajado e impregnado
numa atmosfera melancólica, ora de denúncia, ora de
lirismo. Sua postura intelectual, seu pensamento em relação
ao universo artístico, refutam quaisquer críticas
naquele sentido (de ser acadêmico). Renegava as deificações
de artistas, de obras, renegava as posturas entendidas em
arte. Fazia a arte como queria, como sentia e não de
acordo com as tendências. Em 1980 expõe 40 desenhos
no Estúdio José Duarte de Aguiar e no catálogo
da mostra explicita suas idéias.
Mesmo permanecendo retirado numa fazenda em Bragança Paulista,
o artista sairia de seu reduto para uma última exposição
individual na Galeria Arco, em São Paulo em 1983. Nestas
obras mais recentes, predomina a técnica da sobreposição
de imagens, numa atmosfera de simbolismo metafísico, reafirmando
a tendência surrealista.
Priscila Gomes Correa (bolsista COSEAS) e
Vanessa S. Machado (bolsista IC / FAPESP)
Profa. Dra. Daisy Peccinini
(responsável pelo projeto)

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