|
|
Começou
a exercer a atividade de repórter em 1962,
quando contava com 17 anos, como colaborador de
jornais e revistas no Recife, ao mesmo tempo em
que iniciava os estudos de nível superior
em "Comunicação Social",
na Universidade Católica da cidade.
Nos anos 60, os cursos de jornalismo eram poucos
no Brasil e o profissional se graduava mais freqüentemente
em outras áreas, como Direito, predominantemente,
e se formava no dia a dia da redação.
|
Gaudêncio
Torquato exerceu o jornalismo em várias
das principais publicações do
nordeste brasileiro e também no restante
do País. Como o tempo de permanência
nas redações era menor, era
comum o jornalista conciliar dois ou até
mais empregos, mesmo em jornais diários.
Quando
Torquato trabalhava na sucursal do "Jornal
do Brasil", era também correspondente
do "Correio da Manhã", ambos
no Rio de Janeiro.
|
Torquato
(à dir.) e outros professores em evento
dos anos 70
|
Depois
passou a repórter do tradicional "Jornal
do Commercio", "Folha de S.Paulo"
e "Correio da Manhã", todos ao
mesmo tempo.
Em
1966, Torquato ganhou o "Prêmio Esso
de Jornalismo" na categoria "Científica",
por uma série de reportagens sobre a doença
da barriga d'água. Também se destacou
pela produção de uma série
de reportagens especiais sobre o Nordeste, para
o jornal "Folha de S.Paulo". Essa intensa
atividade profissional e a notoriedade conquistada
com seus artigos foram a ponta de lança para
a sua mudança para a cidade de São
Paulo, onde teve início uma nova fase de
sua carreira.
A
ida para a capital paulista se dá num
momento em que o cenário político
do Brasil se torna crescentemente sufocante.
Gaudêncio Torquato cobria a área
social e o campo, marcado por conflitos agrários
e reprimidos durante a ditadura militar estabelecida
em 1964. Em razão do sucesso editorial
dos cadernos especiais sobre o Nordeste, ele
é convidado pelo jornal "Folha
de S.Paulo" para participar da elaboração
de suplementos especiais regionais do jornal,
em 1967, ao lado de Manuel Chaparro, cuja
tese na pós-graduação
Gaudêncio Torquato iria depois orientar
na ECA - Escola de Comunicações
e Artes da USP - e Calazans Fernandes.
A
equipe em São Paulo coordena o trabalho
de cerca de 150 repórteres de todo
o Brasil na produção de grandes
reportagens sobre os problemas sociais do
País. Depois se seguem outros projetos
especiais, como a série de reportagens
sobre a "Grande São Paulo - O
Desafio do ano 2000".
|
|
COMUNICAÇÃO
EMPRESARIAL-COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL
Conceitos, Estratégias, Planejamento
e Técnicas. SP: Ed. Summus - 5ª
Edição - 1986 - 184 pág.
|
A
experiência no planejamento, redação
e produção de grandes reportagens
leva Gaudêncio Torquato às portas da
universidade. Interessado no debate e pesquisa sobre
jornalismo, ele é convidado a dar aulas na
"Faculdade de Jornalismo Cásper Líbero"
e passa a integrar seu corpo docente em 1968, ministrando
cursos sobre "Jornalismo Interpretativo e Comparado".
Em 1968, ingressa como professor assistente da ECA,
a convite do professor José Marques de Melo,
então diretor da escola.
|
Em
1969, Gaudêncio Torquato publica os
textos "Jornais Precisam Ter Notícias
em Profundidade", pelos "Cadernos
de Jornalismo e Comunicação
da Editora Guanabara, e "Imprensa Contemporânea
- Estudo Analítico", pela Editora
Correio do Livro. Entra para o corpo docente
da ECC. Em
1970, ano em que a ECC passa a ser denominada
"Escola de Comunicações
e Artes - ECA".
|
Torquato fala na ECA (anos 70)
|
Gaudêncio Torquato assume cursos regulares
do "Departamento de Jornalismo": as disciplinas
"Jornalismo Informativo e Interpretativo"
e "Introdução ao Jornalismo".
Passa a ser também orientar da "Agência
Universitária de Notícias", a
AU. Também dá aulas de "Técnica
de Jornal", "Teoria e Metodologia de Jornalismo",
"Jornalismo Informativo". Desenvolve estudos
e experiências sobre técnicas jornalísticas
e jornal laboratório, e mantém sua
atividade de professor na "Faculdade de Jornalismo
Cásper Líbero".
Nessa
época as pesquisas sobre jornalismo
começam a dar seus primeiros passos
e Gaudêncio Torquato se engaja nesse
movimento de estudos da atividade. Ele defende
sua tese de doutorado em 1972 e o seu tema
é "Jornalismo Interpretativo",
tendo como orientador o professor Rolando
Morel Pinto, livre-docente da "Faculdade
de Filosofia, Letras e Ciências Humanas"
da USP.
|
AE
.jpg)
|
Nesse
período, o Ministério da Educação
pressiona as universidades a formarem mestres e
doutores. É interessante observar que, por
ser o curso da ECA um recém-nascido na USP,
sem ter ainda graduado a sua primeira turma de alunos,
a maioria dos seus primeiros doutorandos tiveram
como orientadores livres-docentes de outras unidades.
Em 1970, desfaz-se o projeto de suplementos especiais
regionais do jornal "Folha de S.Paulo"
e Gaudêncio Torquato deixa o jornal.
Funda,
então, com outros profissionais do
jornalismo, uma assessoria para produção
de jornais e revistas empresariais. É
o momento em que a sua opção
pela área empresarial começa
a firmar-se. A
empresa lança dos "Cadernos Proal",
especializados em debates sobre jornalismo
empresarial e comunicação em
geral. Gaudêncio Torquato se empenha
também em levar a nova especialização
para a universidade e enfrenta a resistência
de acadêmicos que não aceitam
a incorporação dessa disciplina,
por não considerarem genuinamente jornalístico
a produção de jornais e revistas
empresariais.Gaudêncio Torquato continuou
ministrando disciplinas de "Jornalismo
Interpretativo" e a levar para as salas
de aulas o debate sobre a grande reportagem,
mas a sua grande contribuição
para a ECA - Escola de Comunicações
e Artes da USP foi a defesa do ensino no meio
acadêmico do jornalismo empresarial
e de comunicação empresarial.
|
|
TRATADO
DE COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL
E POLÍTICA. Ed. Thomson Pioneira. 1ª
Edição - 2002 - 304 pág.
|
O
que na época era tabu hoje é encarado
pelas novas gerações como uma das
alternativas de atuação profissional.
Afinal, a expansão do mercado de trabalho
nos anos 90 foi mais forte no segmento de revistas
especializadas e na comunicação empresarial.
Foi um período de profissionalização
dos departamentos de comunicação das
organizações e fundação
de dezenas de assessoria de imprensa.
|
O
interesse pelo jornalismo empresarial leva Gaudêncio
Torquato a organizar os departamentos de comunicação
de grandes empresas e, depois, a enveredar pelo
segmento institucional, com o convite para trabalhar
no Governo José Sarney e participar da
criação do Conselho de Comunicação,
órgão destino a discutir as políticas
para o setor no País. Em meados dos anos
80, Gaudêncio Torquato se volta para outro
campo ainda embrionário no Brasil: o
marketing político. |
Especialista
em marketing político
|
Não
é uma guinada da água para o vinho
porque sua família sempre esteve embrenhada
na vida política do Nordeste e, por isso,
mergulhar nas estratégias de uma campanha
eleitoral era uma aventura por um mar conhecido.
Começa com a bem sucedida campanha do empresário
Tasso Jereissati para o governo do Estado do Ceará,
em 1986. A partir daí, seguem-se dezenas
de outras, como as de João Faustino (Rio
Grande do Norte), Freitas Nobre, Guilherme Afif
Domingos e Mário Covas, desenvolvidas por
intermédio de sua nova empresa, a GT Marketing
e Comunicação.
Ciente
de que partiu para uma área que dava
seus primeiros passos no Brasil, Gaudêncio
Torquato aproveita a sua experiência como
professor para dar um toque didático
em seus livros, nos quais evidencia a meta de
orientar os profissionais da comunicação
e marketing. Uma de suas primeiras obras, "Marketing
Político e Governamental - um roteiro
para campanhas políticas e estratégias
de comunicação" (São
Paulo, Summus Editora, 1985), é dividida
em três partes: "O abc do Marketing
Político", "Marketing para
o interior do País" e "Marketing
Governamental". Ao voltar-se para os ramos
de "Marketing Político" e da
"Comunicação Empresarial",
Francisco Gaudêncio Torquato do Rego afasta-se
gradualmente do meio acadêmico, se aposenta
da USP - Universidade de São Paulo e
deixa de dar aulas em outras faculdades. Mas
se dedica a dar conferências, seminários,
cursos e treinamento sobre os temas que nortearam
sua carreira brilhante profissional, com ênfase
nas questões de "Marketing Político"
e "Comunicação Empresarial".
|
|
A
VELHA ERA DO NOVO
Visão Sociopolítica do Brasil.
Ed. Gaudêncio Torquato. 1ª Ed.
- 2003 - 356 pág.
|
Como
jornalista e autor, chegou a publicar artigos em
67 jornais de todo o País e é um bem
falante comentarista de política em emissoras
de rádio. Na bela trajetória profissional
e acadêmica de Gaudêncio Torquato, é
interessante observar o quanto o momento político
do País influiu nas mudanças de rumo
de sua carreira, sem que, entretanto, aconteçam
drásticas mudanças de rumo.
A
passagem das grandes reportagens para o jornalismo
empresarial, por exemplo, já vinha sido engendrada
em cursos e estudos na academia e se torna uma clara
opção profissional com a fundação
da Proal, que se dedica não só à
publicação de jornais e revistas de
empresas, mas também se empenha em aprofundar
o necessário debate sobre o jornalismo, tanto
empresarial como o da grande imprensa, o da imprensa
alternativa e o da mídia eletrônica.
.jpg) |
Gaudêncio
Torquato optou inicialmente pelo jornalismo
interpretativo, as grandes reportagens - área
de sua contribuição nos primeiros
anos da ECA -, passando para a comunicação
empresarial/institucional - domínio em
que ele se torna um pioneiro na escola e uma
importante referência para os estudiosos
desse ramo da comunicação. |
Coquetel
na ECA dos anos 80
|
Edição
de Texto:
Osmar Mendes Júnior
Edição
de Arte: Marcelo Januário
|
|