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Foi
layoutman das agências "Standard Propaganda"
e "McCann Erickson", ambas de Belo Horizonte.
E atuou como diagramador para offset e diretor de
arte no "Serviço de Imprensa e Propaganda",
do governo doEstado de Minas Gerais.
Em
outubro de 1961, Deslandes passou a fazer parte
da equipe de diagramação do "Jornal
do Brasil", do Rio de Janeiro. Foi estagiário
da "Editora Bloch" e depois diagramador
de várias revistas editadas por essa empresa.
Entre 1964 e 1965, já morando em São
Paulo, esteve na função de diretor
de arte na "Head Line Propaganda", empresa
dirigida pelo professor da ECC (depois ECA), Francisco
Morel. No "Instituto Adventista de Ensino de
São Paulo", ocupou o cargo de assessor
de artes gráficas (1965/1968).
Hélcio
Deslandes desenvolveu trabalhos como capista, diagramador
e ilustrador para a "Editora Brasiliense"
e "Editora Martins", em São Paulo,
e na "Editoria Itatiaia", em Belo Horizonte.
Como arquiteto projetou residências em Belo
Horizonte, São Paulo e Campinas e também
elaborou projetos de igrejas nestas mesmas cidades.
Deslandes era uma membro destacado da "Igreja
Adventista do Sétimo Dia".
Os
anos sessenta foram marcados por uma revolução
na diagramação dos jornais e revistas
brasileiros, capitaneados pela reforma gráfica
do "Jornal do Brasil" e depois continuados
pela diagramação ousada do "Jornal
da Tarde", de São Paulo, tendência
confirmada pelas novas revistas lançadas
pela "Editora Abril" ("Realidade"
e "Veja").
As
empresas demandavam profissionais do jornalismo
gráfico que tivessem sensibilidade estética,
superando a fase dos técnicos da paginação
tradicional. A ECC contratou Hélcio Deslandes
para preencher a necessidade de um profissional
experiente para diagramar o seu jornal-laboratório
e também como assessor de artes gráficas
do "Departamento de Jornalismo".
Em
dezembro de 1969, Deslandes inscreveu-se para o
doutoramento. Seu orientador era o professor Walter
Zanini. Em 1972, foi realizar estudos de "Pós-Graduação"
nos Estados Unidos. Naquele país, com sua
experiência em artes plásticas, arquitetura,
design e ilustração, trabalhou como
free-lancer na região de Washington, onde
morava. Atuou nessa condição até
1973, quando foi admitido no "Departamento
de Arte" da "Review and Herald Publising
Association", como designer. Depois ocupou
a função de "Coordenador de Arte".
Na
sua estada nos Estados Unidos, Deslandes desenvolveu
projetos paralelos de trabalho. Como free-lance,
no primeiro ano de América, teve oportunidade
de produzir uma coleção de cinco livros
ricamente ilustrada para a "Editora Melhoramentos",
com a finalidade de incentivar e motivar a criatividade
no campo da redação e ilustração
nas crianças do curso primário. O
trabalho era em "full color", altamente
moderno e funcional.
Hélcio
Deslandes criou e produziu o símbolo que
seria usado nacionalmente durante o bicentenário
dos Estados Unidos para a organização
"Pathfinders". Em 1975, foi convidado
pela revista suíça "Graphis"
para apresentar a seleção e publicação
dos melhores trabalhos produzidos naquele ano, mas
não pode aceitar o convite. Em julho de 1975
esteve em Viena, na Áustria, no "Congresso
Mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia".
Para o evento desenvolveu o material de promoção,
totalmente ilustrado, e dois tipos de relatórios.
Projetou, ainda, o estande para a representação
norte-americana. Em agosto de 1975, ele e sua equipe
foram os autores do projeto de diagramação
da revista "Ministry", que sofrera reformulação.
E na 16ª. Exposição Nacional
Editorial e Livro da "Society of Illustrators",
o profissional foi um dos três representantes
do seu departamento.
Em
julho de 1976, Hélcio Deslandes retornou
ao Brasil. A volta coincidiu com a expiração
da licença de afastamento, sem vencimentos
da ECA. Naquele ano ele voltou a lecionar artes
gráficas, diagramação, técnica
de ilustração, produção
gráfica e editorial no curso de "Editoração"
da ECA. No mesmo período, passou a ministrar
o curso de "Jornalismo Gráfico"
no Departamento de Jornalismo da "Faculdade
Cásper Líbero" de São
Paulo. De 1976 a 1979, Deslandes desenvolveu inúmeros
projetos de design e ilustração. Entre
eles se destacam: planificação gráfica,
diagramação, produção
e ilustração das revistas "Rol
do Berço", "Jardim da Infância",
"Primárias", "Adventista",
"Ministério", "Mocidade"
e do jornal "Adventista", Também
elaborou cartazes promocionais, e as capas dos livros:
"Perguntas que eu faria à Irmã
White", "Satisfação",
"Inspiração Juvenil" e "Ensinar".
Criou o símbolo do "Museu da Bíblia"
e outros trabalhos.
Um
dos seus primeiros chefes na ECC e colega de docência,
o professor José Marques de Melo salienta
que nos primeiros momentos de vida do "Departamento
de Jornalismo", Hélcio Deslandes era
admirado por seus colegas e alunos, além
de ser tomado como referência por editores
jovens, que o procuravam para orientar o planejamento
estético de publicações em
fase de lançamento. Contudo, após
seu desligamento da instituição e
o fato de não ter deixado uma obra escrita
contribuiu para seu esquecimento na comunidade departamental.
Sua
linha de trabalho teve continuidade através
do professor José Coelho Sobrinho, responsável
pelas disciplinas de artes gráficas, diagramação,
planejamento de veículos impressos.
Quando
Hélcio Deslandes foi aos Estados Unidos fazer
estágios em editoras, logo ao chegar, seus
superiores entenderam que não deveria fazer
um estágio, mas chefiar sua seção.
Foi para aquele país permanecer por apenas
um ano e ficou seis. Nesse período acabou
substituído na ECC/ECA pelo professor Coelho.
Quando voltou ao Brasil não se interessou
pelo regime de trabalho em tempo integral. Foi convidado
para trabalhar em editoras evangélicas e
na "Editora Nacional" para ser capista
e preferiu o tempo parcial na docência da
USP.
No
retorno ao Brasil, coincidindo com o período
de abertura política e libertação
sexual, Deslandes, depois de anos de trabalho em
editoras evangélicas, se sentia indignado
com essa nova mudança social que contrariava
os preceitos de sua religião. Como não
foi criado dentro da perspectiva de que o corpo
desnudo de uma mulher poderia ser uma ferramenta
da "Marketing", estampar cadernos de jornais
e capas de livro, sempre reclamava e se chocava
com a abertura cultural brasileira.
Lamentava
que tanto ele quanto suas filhas não conseguiram
adaptar-se mais ao Brasil apesar de terem ficado
alguns anos por aqui. Como recebia muitos apelos
de editoras norte-americanas para voltar àquele
país, a certa altura entendeu que deveria
seguir com sua família para lá e foi
morar em Maryland, nos Estados Unidos.
O Professor José Marques de Melo relata como
foi o desligamento de Hélcio Deslandes do
Brasil e da USP: "Quando foi contratado na
ECC o professor Deslandes integrava o quadro de
professores colaboradores, reservados para profissionais
de "notório saber" que tinham contribuições
relevantes ao ensino e à pesquisa.
Deslandes
foi classificado, pelo seu currículo, na
categoria MS-2, que correspondia ao nível
de mestre. Contudo, o quadro de colaboradores era
temporário. O contrato podia ser renovado
pelo menos duas vezes, a não ser que o docente
fizesse pós-graduação e passasse
ao quadro permanente. Francisco Morel, companheiro
de Deslandes, que tinha vocação acadêmica,
optou por essa solução. Mas Deslandes
não se sentia confortável nessa situação,
julgando-se mais profissional que um pesquisador.
O curso de pós-graduação na
ECA não lhe oferecia nenhuma oportunidade
de crescimento intelectual, já que se reestrutura,
a partir de 1972, assumindo um perfil mais sintonizado
com as tendências das pesquisas nas ciências
humanas do que com a natureza pragmática
das disciplinas comunicacionais.
Por
isso, preferiu desligar-se da ECA licenciando-se
do cargo e aceitando convite para trabalhar no Estados
Unidos como profissional. Ele cogitava fazer "Pós-Graduação"
em artes gráficas naquele país, mas
parece que desaviou-se dessa rota em face das chances
que obteve no mercado de trabalho. Findo o período
de sua licença não remunerada, ele
retornou à ECA, mas aqui permaneceu por um
tempo muito curto, preferindo não pleitear
a renovação de seu contrato (o que,
então, já era possível, em
caráter excepcional). Assim sendo, ele não
se aposentou na ECA. Simplesmente desligou-se da
instituição ao final do período
de seu contrato como professor colaborador MS-2".
Deslandes,
foi o precursor do ensino da diagramação
e das artes gráficas aos primeiros estudantes
de jornalismo da ECA. Engenheiro arquiteto formado
pela Universidade Federal de Minas Gerais obteve
grande conhecimento em design, ilustração
e produção gráfica, vivenciado
principalmente na prática diária do
mercado tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.
Na
época, era uma pessoa um tanto introspectiva,
tímida, mas muito disciplinada e cortês
com alunos e colegas. Boa parte do tempo passava
na gráfica da ECA, onde verificava minuciosamente
os trabalhos dos alunos de então. Hélcio
Deslandes não foi um produtor de obras acadêmicas
no sentido estrito, mas seguramente foi um grande
contribuinte na formação de novos
profissionais e dos conceitos mais modernos da época
em comunicação visual aplicada ao
jornalismo, publicidade e à editoração.
Edição
de Texto:
Osmar Mendes Júnior
Edição
de Arte: Marcelo Januário
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