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Depois
de trabalhar no setor de rádio, Walter Sampaio
migrou para o jornalismo impresso, onde atuou no
semanário "Shopping News" de São
Paulo, como "Secretário Geral"
e como "Secretario Gráfico". Trabalhou
durante cerca de três anos nesses cargos e
tinha como responsabilidade, além de copidescar
as matérias dos colaboradores do jornal,
a de escrever a primeira página da publicação,
além de redigir algumas matérias.
Atuou também durante dois anos no setor de
publicidade, na agência APRA, de São
Paulo, onde fazia pesquisa de opinião pública
e de mercado.
Em
1966, depois de 15 anos de experiência
na área de "Rádio"
e de "Televisão", como autodidata
em jornalismo é que surge a ECA na
vida de Walter Sampaio. Ele presta vestibular
em 1967 na antiga "Escola de Comunicações
Culturais", da USP - Universidade de
São Paulo, hoje ECA, sendo aprovado
em terceiro lugar na classificação
geral.
Nesse
momento, muitos profissionais, que já
estavam atuando no mercado voltaram-se para
a academia. Isto porque não existiam
professores das disciplinas consideradas práticas
e/ou técnicas.
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Walter
Sampaio foi para a Universidade depois de 15 anos
de prática no mercado jornalístico.
Mesmo assim, encontrou barreiras entre seus colegas
de trabalho, que menosprezavam sua atitude, porque
não acreditavam na importância de um
curso de "Jornalismo". Sampaio atuava
na área sem a necessidade de um diploma.
Apesar disso, Walter Sampaio sempre reafirmou ser
muito importante a freqüência de uma
Escola de Jornalismo para os interessados em atuar
na profissão.
Os
primeiros anos de faculdade de jornalismo para Walter
Sampaio foram ricos em disciplinas teóricas.
Quando, porém, chegou no terceiro ano do
curso, surgiram as disciplinas chamadas teórico/práticas
como "Radiojornalismo" e "Telejornalismo".
Mas a ECA não possuía professor capacitado
para ministrar estas disciplinas devido suas especificidades.
As pessoas que se inscreveram na época não
tinham a titulação necessária
para ministrar aulas.

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Foi então que Walter começa a
mudar o rumo de sua vida dentro da própria
faculdade. Passa a ser, ao mesmo tempo, aluno
e professor. A necessária aproximação
do mercado de trabalho com a Universidade não
foi cem por cento benéfica. Por um lado,
os grandes nomes do jornalismo diário
tornaram-se chamariz para os cursos de jornalismo,
atraindo cada vez mais alunos para a escola.
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Por
outro lado, estes mesmos profissionais não
tinham tempo para se dedicar a seus alunos, em função
da pressão diária do mercado, acabando
por indicar suplentes para administrar suas disciplinas.
O
"Curso de Comunicação Social"
teria que ter matérias que natureza profissional.
Para o "Curso de Jornalismo, Técnica
de Produção e Difusão"
deveria constar, entre outras, de "Técnicas
de Produção no Jornalismo Gráfico
e no Jornalismo Audiovisual". A partir deste
tronco que surgiram as disciplinas direcionadas
à produção de vídeos,
fotografias, além de programas radiofônicos.
Walter Sampaio tinha grande experiência nesses
setores.
As
produções sistematizadas que tratam
do telejornalismo brasileiro começam a surgir
apenas em 1971, quando o jornalista Walter Sampaio
produz o primeiro manual, "Jornalismo e Audiovisual",
sob orientação do Professor José
Marques de Melo. A publicação teve
como base as aulas elaboradas por Sampaio, para
o curso de "Jornalismo" da ECA/USP, do
qual era monitor, ao mesmo tempo em que freqüentava
as aulas como aluno.

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Segundo
Walter Sampaio, seus colegas de turma deram
uma grande colaboração na elaboração
do que se tornaria o primeiro manual de telejornalismo
brasileiro, pois tinham dúvidas que ele,
enquanto profissional, nem sequer imaginava.
Assim, ele ia anotando as dificuldades e preparando
as próximas aulas em formato de fichas,
enriquecidas ainda mais, de informações
a partir dos questionamentos dos alunos em sala
de aula. |
Ao
final do ano, Sampaio cumpria outra etapa do processo
de ser professor, ele dava as notas a seus colegas
baseados em exercícios realizados em sala
de aula. Mas a sua nota, a do próprio Walter,
era definida através de reunião do
departamento e ela acabava tirando a nota 10. No
semestre seguinte a nota se repetiu. Enquanto cursava
os quatro anos da faculdade, Walter Sampaio, além
de aluno, foi professor também do terceiro
ano da disciplina de "Rádio e Telejornalismo".
Quando
terminou o Curso de Jornalismo, o Professor
José Marques de Melo, grande responsável
pela produção do primeiro manual
do setor, sugere que ele publique um livro
fruto dessa experiência acadêmica.
E, para tanto, Walter deveria juntar todas
as suas fichas de aula e organizar no formato
de livro didático. Graças ao
incentivo do professor Marques de Melo, a
publicação foi possível
através de um convênio entre
a Editora da USP e a Editora Vozes. O
livro surge no início dos anos 70,
ano de sua formatura, fruto de uma vivência
acadêmica e da experiência de
15 anos como jornalista. E em 71, depois de
ministrar aulas como monitor voluntário
por dois anos, foi convidado para ser professor
da disciplina e, finalmente, contratado pelo
Departamento de Jornalismo e Editoração
da ECA/USP.
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O
livro "Jornalismo e Audiovisual" teve
apenas duas edições, sendo que, em
cada uma delas, foram publicados três mil
exemplares. Nesta mesma época surgiram as
faculdades de comunicação no País
dentro da expansão do ensino superior e o
livro acabou sendo difundido no Brasil inteiro.
A obra contém informações para
os alunos de jornalismo nas áreas de "Radiojornalismo",
"Telejornalismo" e "Cinejornalismo".
Até
1975, Walter Sampaio continuou trabalhando em emissoras
de televisão. Mas, a esta altura, já
era professor de três escolas de jornalismo:
na FACOS - Faculdade de Comunicação
Social de Santos, no Mackenzie na área de
televisão e também na ECA. Quanto
à sua não titulação,
além do excesso de trabalho, o jornalista
alega que não possuía tempo para esta
dedicação.

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Segundo
Sampaio, há um artigo no Regimento Interno
da USP, que permite que pessoas com alta qualificação
intelectual, cultural e profissional, pleiteiem
a defesa de tese de doutoramento, sem fazer
o curso. Assim, ele decidiu entrar com pedido
na Instituição, que foi aprovado
pelo Departamento de Jornalismo, CTA da ECA,
mas foi reprovado no CEP - Conselho de Ensino
e Pesquisa e Extensão. |
Nessa
ocasião, ele se desligou da ECA, numa época
de crise na Universidade de São Paulo. Walter
Sampaio finalmente se aposentou em 1987.
Walter
Sampaio, nos últimos anos de vida, ou seja,
até 2002, realizava palestras em Escolas
de Jornalismo, participava de bancas de mestrado
e doutorado na ECA, e prefaciou o livro "O
Rádio no País das Amazonas",
que faz um levantamento da radiodifusão na
região do Amazonas. Era sempre convidado
a participar de programas de debates em rádio
e na televisão, na cidade de Santos, litoral
do Estado de São Paulo. Ministrou a aula
inaugural do curso de pós graduação
Latu Sensu, em 1995 na UniSantos.
Walter
Sampaio afirmou certa vez que, se não
fosse o professor José Marques de Melo,
seu manual não existiria, isto porque
nunca teve a intenção de produzir
alguma coisa para a perenidade. O livro foi
um trabalho baseado na experiência acadêmica
na USP, onde o jornalista pode sistematizar
seus conhecimentos práticos na área
do jornalismo audiovisual". O professor
morreu em 4 de maio de 2002.
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Edição
de Texto:
Osmar Mendes Júnior
Edição
de Arte: Marcelo Januário
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