|
|
Sua
aproximação com o jornalismo começou
neste período, quando ingressou no "Jornal
do Brasil" como repórter a fim de poder
pagar os estudos. Começou no jornal como
"foca" e acabou como editorialista. Cobriu
as áreas de "geral" e "política"
e foi setorista do Palácio do Itamaraty,
quando a capital federal ainda era a cidade do Rio
de Janeiro. Depois voltou para a capital do Rio
Grande do Norte, Natal, a convite do governo estadual,
mas continuou trabalhando como correspondente do
"Jornal do Brasil", entre 1962 e 1964.
Em
Natal foi professor do primeiro Curso de Jornalismo
do Estado.

Ao centro, com Pelé, anos 90 |
Apesar
da atuação como jornalista, Gileno
decidiu investir na carreira de Administrador,
dedicando especial atenção a temas
ligados ao planejamento. O mestrado foi realizado
na "Faculdade de Economia e Administração",
a FEA, da Universidade de São Paulo,
entre 1976 e 1979. O doutorado em Administração
veio em seguida - 1980 -, com créditos
cumpridos na Faculdade de Economia e Administração
e Northwestern University, de Illinois, Estados
Unidos. |
Desenvolveu pesquisas voltadas para a modernização
administração e para os sistemas estaduais
de ciência e tecnologia. Em 1988, Gileno Marcelino
defendeu tese de livre docência na "Escola
de Comunicações e Artes", cujo
tema foi a reforma administrativa do governo José
Sarney e sua divulgação pela imprensa.
Gileno trabalhou entre 1970 e 1985 como professor
adjunto da "Escola de Comunicações
e Artes", a ECA e Faculdade de Economia e Administração,
a FEA, ambas da USP.
Neste
período também exerceu funções
administrativas.
Antes
de sua passagem pela Universidade de São
Paulo, Gileno foi funcionário do governo
do Rio Grande do Norte, assessor da presidência
do jornal "Folha de S.Paulo" (1969)
e vice-diretor da "Editora Abril",
onde permaneceu de 1969 a 1972. Nas décadas
de 60, 70 e 80 recebeu três bolsas de
estudo para o exterior - duas para os Estados
Unidos e uma para a França, países
onde realizou cursos de aperfeiçoamento.
|
AE

|
Em
1985, Gileno mudou-se para Brasília, onde
trabalhou como secretário geral dos ministérios
da Administração, Previdência
e Cuiltura.
Gileno
Marcelino ingressou na "Escola de Comunicações
e Artes" da USP em 1970, para atuar como docente
do curso de "Jornalismo", que formava,
naquela ocasião, sua primeira turma. O convite
foi feito pelo professor José Marques de
Melo, então diretor do "Departamento
de Jornalismo e Editoração",
que quis trazer para a instituição
a experiência acumulada por Gileno como repórter
e administrador de empresas editoriais.

Na Northwestern University, Illinois, EUA |
Marcelino
foi recrutado para integrar o corpo docente
do "Curso de Jornalismo" da USP quando
a disciplina "Administração
de Empresas Jornalísticas" começou
a figurar na grade curricular. Naquela ocasião
Gileno trabalhava na "Editora Abril",
compondo equipe liderada pelo professor Edson
Franco, que o recomendou para essa atividade.
Gileno Marcelino possuía um perfil híbrido
entre o jornalista e o administrador. Registrava
experiência jornalística como repórter
e redator de jornais. |
Possuía
também formação acadêmica
em Administração. Foi contudo o seu
desempenho funcional na "Editora Abril",
empresa proprietária de revistas informativas,
técnicas e segmentadas, além de publicadora
de livros e fascículos em série, que
determinou sua escolha para conduzir a implantação
da disciplina.
O
professor Marques de Melo explica que quando foi
criado o curso de "Jornalismo" na USP,
no final dos anos sessenta, havia uma enorme escassez
de profissionais qualificados para o magistério.
 |
Desde
modo Marques de Melo optou por dois caminhos
complementares: conceder bolsas de monitoria
para alunos do curso, com a finalidade de atrair
jovens promissores para a carreira de docente,
e trazer do mercado profissionais qualificados
que demonstrassem competência funcional,
seja como repórter, editores, administradores
ou produtores gráficos, mas que revelassem
capacidade de sistematização dos
conhecimentos. |
Gileno
Fernandes Marcelino demonstrou propensão
para a carreira acadêmica, associando-se,
imediatamente depois, à FEA - Faculdade de
Economia e Administração, onde matriculou-se
na pós-graduação, vindo a conquistar
os títulos de Mestre e Doutor em Administração.
Enquanto
isso, produziu textos de apoio para uso dos
seus estudantes de Jornalismo e Editoração.
Na graduação em "Jornalismo",
Gileno Marcelino ministrou as disciplinas "Administração
de Empresas Jornalísticas" (1970/1972),
"Política e Administração
de Empresas Jornalísticas" (1973/1980)
e "Técnicas de Administração
para o Jornalismo" (1981/1983). Também
ministrou dois cursos para turmas de Editoração:
"Políticas e Administração
de Empresas Editoriais" (1974/1979) e "Técnicas
de Administração e Planejamento
e Editoração" (1981/1983). |
 |
O
professor Marcelino atuou, ainda, na pós-graduação,
ministrando a disciplina "Planejamento e Organização
de Empresas em Comunicação" em
1984 e 1985. Também foi membro do Colegiado
do "Departamento de Jornalismo e Editoração"
no período de 1983 e 1985.

No Seminario sobre Gestión del Estado
y Desburocratización, 1988 |
Com
a colaboração dos 21 alunos
do quarto ano de "Jornalismo", Gileno
Marcelino realizou já no primeiro ano
de sua carreira docente na ECA, em 1970, uma
pesquisa sobre a estrutura das empresas jornalísticas
de São Paulo.
Orientados
pelo professor, os estudantes coletaram informações
sobre estrutura organizacional, produto, mercado,
distribuição, concorrência,
venda e publicidade nas empresas.
|
Intitulada
"Diagnóstico da Empresa Jornalística
em São Paulo", a pesquisa foi ampliada
em 1971, com a nova turma concluinte de "Jornalismo".
Na ocasião, com a colaboração
dos alunos, Gileno elaborou questionários
destinados a levantar as seguintes informações:
ficha da empresa, administradores, organização
geral, administração de vendas, de
pessoal, de material, da produção
e financeira.
Os
dados levantados ao longo dos dois anos foram
tabulados, visando posterior publicação.
Essas pesquisas tinham por objetivo traçar
um diagnóstico - tanto quando possível,
real - do universo da indústria de comunicação
de massa em São Paulo. Contudo, "o
receio das empresas em revelar supostos segredos
industriais prejudicou sensivelmente os questionários
aplicados e a tabulação das respostas.
|
 |
Ainda
assim, em 1972 foram realizadas mais duas pesquisas
semestrais pelos alunos do sétimo e oitavos
semestres de "Jornalismo", visando complementar
os trabalhos feitos nos dois anos anteriores.
 |
Tão
logo ingressou na ECA, Gileno Marcelino participou
das ações de intercâmbio
da Escola com outros cursos de "Jornalismo
e Comunicação" do País,
bem como entidade científicas e empresariais
da área. Em agosto de 1970, por exemplo,
representou a ECA no "II Encontro Nacional
de Editores", promovido pela Câmara
Brasileira do Livro em Serra Negra, Estado de
São Paulo. |
Em
junho do ano seguinte participou de novo encontro
de editores e livreiros, desta vez na cidade de
São Lourenço, Estado de Minas Gerais.
Em
1971, Gileno foi chamado a compor o Conselho Editorial
da Revista da ECA. No mesmo ano coordenou seminário
sobre política de distribuição
de empresa jornalísticas. Em 1972, juntamente
com os alunos do sétimo e oitavo semestre,
Gileno Marcelino coordenou seminários sobre
problemas de planejamento em geral e planejamento
empresarial, problemas de produção
gráfica e problemas de distribuição
de jornais e revistas.
Em
"Administração de Jornal
e Editora", Gileno Marcelino usa a reforma
sofrida pelo "Jornal do Brasil",
um dos mais importantes jornais do País,
como estudo de caso. A publicação
passou de "jornal das lavadeiras"
a um dos mais prestigiosos órgãos
da imprensa nacional. Um problema teve que
ser resolvido: a velha estrutura do jornal,
altamente burocratizada, não acompanhava
o novo ritmo do jornal. Havia apenas um gerente
geral, em cujos ombros recaía toda
a carga administrativa da empresa.
Caracterizava-se,
assim, um descompasso entre o novo produto
bem elaborado (o jornal) e os meios para sua
elaboração.
|
|
O
golpe militar de 1964 impôs o argumento decisivo
para a reforma administrativa do jornal. O corte
dos subsídios à importação
de papel de imprensa colocou o jornal diante de
um dilema: ou racionalizava sua administração
a ponto de conhecer quanto lhe custava uma linha
impressa ou perecia. Em novembro de 1964, a direção
do "Jornal do Brasil" contratou uma assessoria
e a incumbiu de fazer um completo diagnóstico
industrial e administrativo do jornal.

No 23o Encontro da ANPAD, 1999 |
O
processo durou cerca de dois anos e atingiu
também a organização
da redação, que ficou assim
estruturada:
Editor
Geral (responsável pela coordenação
e execução da política
editorial do jornal); Chefe da Redação
(supervisor direto junto aos responsável
pelas novas editorias nas quais foi dividida
a redação);
|
Editor
de Notícias (auxiliar imediato do Chefe de
Redação e responsável pela
coordenação e compatibilização
das notícias em todos os seus aspectos) e
Editor de Pauta (equivalente ao Chefe de Reportagem
em outros jornais).
As
contribuições do professor Gileno
Marcelino aos estudos de jornalismo, algumas
delas datadas de três décadas,
guardam atualidade.
Neste
momento em que as empresas jornalísticas
passar por uma crise profunda, cuja marca
principal e o endividamente elevado, as observações
de Gileno quanto à necessidade de planejamento
estratégico também no setor
da comunicação devem ser levadas
em consideração.
|

4o da esq. p/ dir., no Seminario Interamericano
Administración Publica y Desarrollo Integral
|
Edição
de Texto:
Osmar Mendes Júnior
Edição
de Arte: Marcelo Januário
|
|