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Política & Gestão
Gileno Marcelino

Gileno Fernandes Marcelino nasceu no dia 5 de novembro de 1938, na cidade de Mossoró, Estado do Rio Grande do Norte. Eram seus pais José Marcelino de Oliveira Filho e Francisca Ida Fernandes de Oliveira. Gileno fez os cursos primário e ginasial em sua cidade natal, entre os anos de 1944 e 1954. Em 1955 mudou-se para o Sudeste do país, concluindo o curso ginasial em escolas de São Paulo e no Rio de Janeiro. Marcelino cursou dois cursos superiores na cidade do Rio de Janeiro: "Administração Pública", na Fundação Getúlio Vargas, em 1961, e "Direito", na Universidade do Brasil, em 1962.

   
   

Sua aproximação com o jornalismo começou neste período, quando ingressou no "Jornal do Brasil" como repórter a fim de poder pagar os estudos. Começou no jornal como "foca" e acabou como editorialista. Cobriu as áreas de "geral" e "política" e foi setorista do Palácio do Itamaraty, quando a capital federal ainda era a cidade do Rio de Janeiro. Depois voltou para a capital do Rio Grande do Norte, Natal, a convite do governo estadual, mas continuou trabalhando como correspondente do "Jornal do Brasil", entre 1962 e 1964.

Em Natal foi professor do primeiro Curso de Jornalismo do Estado.


Ao centro, com Pelé, anos 90
Apesar da atuação como jornalista, Gileno decidiu investir na carreira de Administrador, dedicando especial atenção a temas ligados ao planejamento. O mestrado foi realizado na "Faculdade de Economia e Administração", a FEA, da Universidade de São Paulo, entre 1976 e 1979. O doutorado em Administração veio em seguida - 1980 -, com créditos cumpridos na Faculdade de Economia e Administração e Northwestern University, de Illinois, Estados Unidos.

Desenvolveu pesquisas voltadas para a modernização administração e para os sistemas estaduais de ciência e tecnologia. Em 1988, Gileno Marcelino defendeu tese de livre docência na "Escola de Comunicações e Artes", cujo tema foi a reforma administrativa do governo José Sarney e sua divulgação pela imprensa. Gileno trabalhou entre 1970 e 1985 como professor adjunto da "Escola de Comunicações e Artes", a ECA e Faculdade de Economia e Administração, a FEA, ambas da USP.

Neste período também exerceu funções administrativas.

Antes de sua passagem pela Universidade de São Paulo, Gileno foi funcionário do governo do Rio Grande do Norte, assessor da presidência do jornal "Folha de S.Paulo" (1969) e vice-diretor da "Editora Abril", onde permaneceu de 1969 a 1972. Nas décadas de 60, 70 e 80 recebeu três bolsas de estudo para o exterior - duas para os Estados Unidos e uma para a França, países onde realizou cursos de aperfeiçoamento.
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Em 1985, Gileno mudou-se para Brasília, onde trabalhou como secretário geral dos ministérios da Administração, Previdência e Cuiltura.

Gileno Marcelino ingressou na "Escola de Comunicações e Artes" da USP em 1970, para atuar como docente do curso de "Jornalismo", que formava, naquela ocasião, sua primeira turma. O convite foi feito pelo professor José Marques de Melo, então diretor do "Departamento de Jornalismo e Editoração", que quis trazer para a instituição a experiência acumulada por Gileno como repórter e administrador de empresas editoriais.


Na Northwestern University, Illinois, EUA
Marcelino foi recrutado para integrar o corpo docente do "Curso de Jornalismo" da USP quando a disciplina "Administração de Empresas Jornalísticas" começou a figurar na grade curricular. Naquela ocasião Gileno trabalhava na "Editora Abril", compondo equipe liderada pelo professor Edson Franco, que o recomendou para essa atividade. Gileno Marcelino possuía um perfil híbrido entre o jornalista e o administrador. Registrava experiência jornalística como repórter e redator de jornais.

Possuía também formação acadêmica em Administração. Foi contudo o seu desempenho funcional na "Editora Abril", empresa proprietária de revistas informativas, técnicas e segmentadas, além de publicadora de livros e fascículos em série, que determinou sua escolha para conduzir a implantação da disciplina.

 

O professor Marques de Melo explica que quando foi criado o curso de "Jornalismo" na USP, no final dos anos sessenta, havia uma enorme escassez de profissionais qualificados para o magistério.

Desde modo Marques de Melo optou por dois caminhos complementares: conceder bolsas de monitoria para alunos do curso, com a finalidade de atrair jovens promissores para a carreira de docente, e trazer do mercado profissionais qualificados que demonstrassem competência funcional, seja como repórter, editores, administradores ou produtores gráficos, mas que revelassem capacidade de sistematização dos conhecimentos.

Gileno Fernandes Marcelino demonstrou propensão para a carreira acadêmica, associando-se, imediatamente depois, à FEA - Faculdade de Economia e Administração, onde matriculou-se na pós-graduação, vindo a conquistar os títulos de Mestre e Doutor em Administração.

Enquanto isso, produziu textos de apoio para uso dos seus estudantes de Jornalismo e Editoração. Na graduação em "Jornalismo", Gileno Marcelino ministrou as disciplinas "Administração de Empresas Jornalísticas" (1970/1972), "Política e Administração de Empresas Jornalísticas" (1973/1980) e "Técnicas de Administração para o Jornalismo" (1981/1983). Também ministrou dois cursos para turmas de Editoração: "Políticas e Administração de Empresas Editoriais" (1974/1979) e "Técnicas de Administração e Planejamento e Editoração" (1981/1983).

O professor Marcelino atuou, ainda, na pós-graduação, ministrando a disciplina "Planejamento e Organização de Empresas em Comunicação" em 1984 e 1985. Também foi membro do Colegiado do "Departamento de Jornalismo e Editoração" no período de 1983 e 1985.


No Seminario sobre Gestión del Estado y Desburocratización, 1988

Com a colaboração dos 21 alunos do quarto ano de "Jornalismo", Gileno Marcelino realizou já no primeiro ano de sua carreira docente na ECA, em 1970, uma pesquisa sobre a estrutura das empresas jornalísticas de São Paulo.

Orientados pelo professor, os estudantes coletaram informações sobre estrutura organizacional, produto, mercado, distribuição, concorrência, venda e publicidade nas empresas.

Intitulada "Diagnóstico da Empresa Jornalística em São Paulo", a pesquisa foi ampliada em 1971, com a nova turma concluinte de "Jornalismo". Na ocasião, com a colaboração dos alunos, Gileno elaborou questionários destinados a levantar as seguintes informações: ficha da empresa, administradores, organização geral, administração de vendas, de pessoal, de material, da produção e financeira.

Os dados levantados ao longo dos dois anos foram tabulados, visando posterior publicação. Essas pesquisas tinham por objetivo traçar um diagnóstico - tanto quando possível, real - do universo da indústria de comunicação de massa em São Paulo. Contudo, "o receio das empresas em revelar supostos segredos industriais prejudicou sensivelmente os questionários aplicados e a tabulação das respostas.

Ainda assim, em 1972 foram realizadas mais duas pesquisas semestrais pelos alunos do sétimo e oitavos semestres de "Jornalismo", visando complementar os trabalhos feitos nos dois anos anteriores.

Tão logo ingressou na ECA, Gileno Marcelino participou das ações de intercâmbio da Escola com outros cursos de "Jornalismo e Comunicação" do País, bem como entidade científicas e empresariais da área. Em agosto de 1970, por exemplo, representou a ECA no "II Encontro Nacional de Editores", promovido pela Câmara Brasileira do Livro em Serra Negra, Estado de São Paulo.

Em junho do ano seguinte participou de novo encontro de editores e livreiros, desta vez na cidade de São Lourenço, Estado de Minas Gerais.

Em 1971, Gileno foi chamado a compor o Conselho Editorial da Revista da ECA. No mesmo ano coordenou seminário sobre política de distribuição de empresa jornalísticas. Em 1972, juntamente com os alunos do sétimo e oitavo semestre, Gileno Marcelino coordenou seminários sobre problemas de planejamento em geral e planejamento empresarial, problemas de produção gráfica e problemas de distribuição de jornais e revistas.

Em "Administração de Jornal e Editora", Gileno Marcelino usa a reforma sofrida pelo "Jornal do Brasil", um dos mais importantes jornais do País, como estudo de caso. A publicação passou de "jornal das lavadeiras" a um dos mais prestigiosos órgãos da imprensa nacional. Um problema teve que ser resolvido: a velha estrutura do jornal, altamente burocratizada, não acompanhava o novo ritmo do jornal. Havia apenas um gerente geral, em cujos ombros recaía toda a carga administrativa da empresa.

Caracterizava-se, assim, um descompasso entre o novo produto bem elaborado (o jornal) e os meios para sua elaboração.

O golpe militar de 1964 impôs o argumento decisivo para a reforma administrativa do jornal. O corte dos subsídios à importação de papel de imprensa colocou o jornal diante de um dilema: ou racionalizava sua administração a ponto de conhecer quanto lhe custava uma linha impressa ou perecia. Em novembro de 1964, a direção do "Jornal do Brasil" contratou uma assessoria e a incumbiu de fazer um completo diagnóstico industrial e administrativo do jornal.


No 23o Encontro da ANPAD, 1999

O processo durou cerca de dois anos e atingiu também a organização da redação, que ficou assim estruturada:

Editor Geral (responsável pela coordenação e execução da política editorial do jornal); Chefe da Redação (supervisor direto junto aos responsável pelas novas editorias nas quais foi dividida a redação);

Editor de Notícias (auxiliar imediato do Chefe de Redação e responsável pela coordenação e compatibilização das notícias em todos os seus aspectos) e Editor de Pauta (equivalente ao Chefe de Reportagem em outros jornais).

As contribuições do professor Gileno Marcelino aos estudos de jornalismo, algumas delas datadas de três décadas, guardam atualidade.

Neste momento em que as empresas jornalísticas passar por uma crise profunda, cuja marca principal e o endividamente elevado, as observações de Gileno quanto à necessidade de planejamento estratégico também no setor da comunicação devem ser levadas em consideração.


4o da esq. p/ dir., no Seminario Interamericano Administración Publica y Desarrollo Integral

Edição de Texto: Osmar Mendes Júnior
Edição de Arte: Marcelo Januário