Economia
Jair Borin

Jair Borin nasceu em 1942. Foi professor titular e chefe do Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicações e Artes (ECA/USP). Docente do curso de jornalismo desde 1971, especialista em Jornalismo Agropecuário, coordenou os estudos de Media-criticism da Pós-Graduação da ECA/USP. Borin defendia, ensinava e praticava o jornalismo como atividade comprometida. Sempre disse não à objetividade e ao falso conceito de verdade em jornalismo.

   
   

Entendia que o fazer jornalismo deveria incluir um posicionamento e optou sempre por aquele que o encaminhava para os segmentos menos favorecidos da população.Foi um intelectual na acepção da palavra, mas despido da arrogância comum aos que freqüentam os postos de prestígio.

Trabalhou na grande imprensa, mas manteve-se íntegro, não negociando com os patrões, em nenhum momento, as suas posições pessoais, filosóficas ou políticas. Colaborou com o "Correio da Cidadania", voluntariamente, colocando-se à disposição do debate amplo das questões e dos desequilíbrios nacionais. Foi um dos mais importantes jornalistas voltados para a cobertura do agronegócio e sempre acreditou e defendeu a necessidade de compatibilizar o desenvolvimento da agricultura com a preservação do meio ambiente e com as demandar e expectativas de quem passa fome neste País.


JAIR BORIN. O JORNALISTA PROFISSIONAL NO ESTADO DE SÃO PAULO. Perfil Sócio-econômico e Cultural. ECA/USP, 1972 (Série Jornalismo)

Jair Borin mantinha a convicção de que os meios de comunicação de massa têm rabo preso com o poder e que o conflito capital X trabalho está presente no jogo das redações. O mestre pregava e praticava a ética, a integridade profissional, a responsabilidade social. Era intolerante com os corruptos, com os que abusam da autoridade e com aqueles que atentam contra os interesses dos miseráveis. Lutou e contribuiu para uma reforma agrária democrática, simpatizava-se com os interesses genuínos do Movimento dos Sem Terra e buscou dar voz aos desamparados, criando e e mantendo jornais em favelas e paróquias. Jair Borin foi o amigo de todas as horas. Sempre disposto a estender a mão e a ouvir os que precisavam de consolo e apoio, privando-se muitas vezes para socorrer os outros, ainda que não fossem conhecidos ou amigos. Por isso, quando a ECA resolveu fazer a ele uma justa homenagem, tantas pessoas ali estiveram dando seu depoimento comovido.

O professor Borin tornou-se reitor de fato, tendo sido o mais votado em todos os segmentos da comunidade uspiana (alunos, professores e funcionários). Foi chefe do Departamento de Jornalismo mais de uma vez e buscou dotá-lo de estrutura que garantissse uma boa formação para os futuros profissionais de imprensa. Sobretudo, inspirou estudantes e orientandos com sua dedicação, competência e profissionalismo. Todos aqueles que o conheceram tem um compromisso: apresentá-lo às novas gerações, àqueles que não tiveram a felicidade de privar de sua amizade e ensinamentos, para que também eles se tornem seus amigos. O exemplo permanece e este é o legado de quem nasceu para compartilhar e para fazer história.

Jair Borin foi professor-titular da Escola de Comunicações e Artes da USP, tendo sido por diversos mandatos chefe do Departamento de Jornalismo e Editoração. Docento do curso de jornalismo de 1971, especialista em Jornalismo Agropecuário e em Mídia-criticism coordenou os estudos de Mídia-criticism do setor de Pós-Graduação da ECA/USP. Orientou 54 trabalhos de conclusão de curso, além de várias dissertações de mestrado e teses de doutorado. Teve cerca de 200 artigos sobre jornalismo e mídia-criticism publicados em revistas e jornais brasileiros e internacionais.

Foi repórter, redator e editor nos jornais "O Estado de S.Paulo", "Movimento" e "Folha de S.Paulo". Publicou os livros "O estudo do café no Brasil", pela Fundação Getúlio Vargas;"A apropriação do tempo e do espaço no telejornalismo brasileiro"; "A luta pela terra", em parceria com José Gomes da Silva e outras obras. Foi o representante oficial do governo brasileiro na Conferência Mundial sobre Fome e Reforma Agrária, patrocinada pela FAO, EM 1986.

Foi diretor do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo em duas gestões e presidente da Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo. Apoiou o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e, em todas as áreas de atuação, destacou-se como um incansável militante pela democracia e contra as desigualdades sociais.

Defendeu e praticou um jornalismo comprometido com a cidadania e foi responsável por coberturas memoráveis, como a série de reportagens sobre o Projeto Jari. Sua atuação na luta pela democracia na USP teve dois momentos de grande destaque.

Paulo Pinto/AE

Borin em 2001, quando
foi candidato a reitor da USP

Na Escolha Partidária do Reitor, organizada em outubro de 2001 pelas entidades de alunos professores e funcionários, Borin obteve 44,6% dos votos partidários, enquanto o segundo colocado, o professor Antonio Massola, obteve somente 9,8%, e o nono e último colocado, professor Tupã Gomes Correa, 1,1%.

Participaram da consulta 6.399 pessoas, num total de 26.459 votos paritários.

O professor Jair Borin foi eleito pelas três categorias. Recebeu 360 votos dos docentes (4.608 paritários), 1.196 votos dos funcionários (5.410 paritários) e 1.778 votos dos estudantes (também 1.778 paritários), alcançando um total de 3.334 votos diretor ou 11.796 paritários.

Porém, no colégio eleitoral restrito que decidiu, em novembro daquele ano, o processo institucional de escolha do Reitor, formado por cerca de 1.400 pessoas (membros das congregações e dos conselhos centrais da USP), Borin ficou em oitavo lugar no primeiro turno.

No segundo turno, quando esse colégio se reduziu a somente cerca de 250 pessoas (integrantes do CO e dos conselhos centrais), ele não alcançou os votos necessários para figurar entre os três mais votados e integrar, assim, a lista tríplice a ser enviada ao governador. O escolhido pelo colégio eleitoral e pelo governador foi o professor Adolpho Melfi, que recebera apenas 7,6% dos votos na Escolha Paritária.

Em novembro de 2000, a história fora semelhante. Candidato a Diretor da ECA, Borin obteve esmagadora vitória na eleição paritária, derrotando largamente nos três segmentos o professor Waldenyr Caldas, então vice-diretor. Participaram da eleição paritária 729 alunos, 104 professores e 183 funcionários, num total de 1045 pessoas. Borin recebeu 613 votos dos alunos, 54 dos professores e 95 dos funcionários, o que totalizou 59,6% dos votos.

Na eleição oficial, na Congregação, Borin ficou em segundo lugar, tendo obtido quatro votos a menos que o professor Caldas no primeiro escrutínio. No segundo escrutínio, Borin recebeu os mesmos 50 votos que o seu adversário recebeu no primeiro, e foi incluído na lista tríplice. Mas à época o reitor Jacques Marcovitch escolheu o professor Caldas para dirigir a ECA, com base no "argumento" de que era o primeiro da lista.

Borin também colaborou com a imprensa alternativa.Durante a ditadura militar, nos anos 70, integrou um movimento de renovação do Sindicato, contrário aos pelegos apoiados pela ditadura. Juntou-se a um grupo clandestino de oposição ao regime militar e chegou a ser preso e torturado. Após o fim da ditadura, foi diretor do Sindicato dos Jornalistas em duas ocasiões, entre 1984 e 1987 e de 1997 a 2000. Era um entusiasta da reforma agrária e apoiador de primeira hora do MST.

Jair Borin faleceu em São Paulo aos 61 anos, no dia 22 de abril de 2003.

Edição de Texto: Osmar Mendes Júnior
Edição de Arte: Marcelo Januário