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Entrada Gratuita


Assim como Rafael, o que fiz é furto qualificado

João Guilherme Parisi


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Educativo:
55 11 2648-0258
Agendamento

Imprensa:
Sérgio Miranda
55 11 2648-0299

MAC USP
Av. Pedro Álvares Cabral, 1301
Ibirapura - São Paulo - SP, Brasil
Terça a domingo das 10 às 21 horas
Segundas-feiras fechado
Entrada gratuita

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Para sua exposição selecionada para o 3o. Edital de Exposições do MAC USP, o jovem artista João Guilherme Parisi traz um conjunto de 19 pinturas, a partir do qual ressignifica a história da pintura canônica ocidental. Através de um processo de extração de gestos, sobretudo de posicionamento de pernas, presentes em pinturas icônicas de grandes acervos nacionais e internacionais, o artista cria composições fragmentadas, recortadas, em que os gestos se descontextualizam para sugerir novos significados.

Leitor assíduo das análises que filósofo da arte francês Georges Didi-Huberman vem realizando das teorias que historiador da arte alemão Aby Warburg (1866-1929) através de seu Atlas Mnemosyne, João Guilherme trabalha com a pintura da tradição para problematizar as noções de iconografia, narrativa e representação, criando assim composições paródicas e por vezes sarcásticas.

Na leitura que Didi-Huberman propôs dos procedimentos metodológicos de Warburg, ele realizou duas exposições nas quais buscou atualizar o repertório do historiador da arte alemão para ao menos duas de suas ditas Pathosformeln (literalmente, “as formas do pathos” ou “as formas das emoções/sentimentos”), isto é, um conjunto de gestos disseminados a partir de certas narrativas entre os antigos greco-romanos que sobreviveram através dos tempos, ganhando outras interpretações e significados.

Mas se no caso do Atlas Mnemosyne, esse colecionamento de gestos eloquentes se vincula a narrativas canônicas referenciadas na mitologia e na história da arte clássica, nas proposições de João Guilherme, tal genealogia é rompida pela invenção de gestos que, por vezes, passam totalmente despercebidos pelo olhar do espectador. Assim, Se estivesse entre nós, teria CRO e ofereceria a solução para essa sua cara de mexerica murcha, ou Desencosta, imundice! Ou, simplesmente, Noli me tangere foram executadas a partir do recorte das pernas de Tiradentes esquartejado, de Pedro Américo (1893, Museu Mariano Procópio, Juiz de Fora), e Noli me tangere, de Angelo Bronzino (1561, Museu do Louvre, Paris). Os títulos irônicos desconstroem a linha que conduziria a inserção de sua pintura na genealogia da tradição.

O título da exposição já é um indício dessa ruptura: João Guilherme brinca com a prática canônica de citação (o “furto qualificado”) que os artistas fizeram entre si para se legitimarem dentro do sistema acadêmico da arte. No vocabulário jurídico, o furto qualificado significa roubar algo que é propriedade de outra pessoa. Nesta paródia das palavras, João Guilherme coloca em xeque qualidades que até hoje são referências para se determinar o estatuto de um artista dentro do sistema da arte, como originalidade e genialidade.

Ana Magalhães
Docente e curadora MAC USP

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