a
Entrada Gratuita


JOSÉ ANTÔNIO DA SILVA:

PINTAR O BRASIL


__________________

Educativo:
55 11 2648-0258
Agendamento

Imprensa:
Sérgio Miranda
55 11 2648-0299

MAC USP
Av. Pedro Álvares Cabral, 1301
Ibirapura - São Paulo - SP, Brasil
Terça a domingo das 10 às 21 horas
Segundas-feiras fechado
Entrada gratuita

__________________

Apresentação

[english]

É com prazer que o MAC USP inaugura esta bela exposição dedicada a José Antônio da Silva. Concebida no âmbito da Temporada Brasil/França, 2025, a mostra iniciou sua itinerância em abril de 2025 no Museu de Grenoble, passando pela Fundação Iberê, em Porto Alegre, de agosto a novembro, e chega agora a São Paulo, enriquecida por acréscimos pertencentes ao Museu. Agradecemos a parceria que possibilitou essa versão ampliada, especialmente da Fundação Iberê, através de seu diretor e comissário geral da Temporada Brasil/França, Emilio Kalil.

Desde sua fundação, o MAC USP vem reunindo um valioso conjunto de obras desse artista autodidata de origem rural e popular. A doação inaugural do acervo já incluía pinturas de 1942 a 1950, período em que Silva começava a despertar o interesse da crítica, antes mesmo de seu reconhecimento nas primeiras Bienais de São Paulo. Esse momento revela uma inflexão no modernismo brasileiro, que então passava a valorizar produções não-acadêmicas, associadas a uma ideia – ainda que controversa – de arte "ingênua" ou "primitiva", em diálogo com novas compreensões do popular.

Hoje, o MAC USP preserva 119 obras de Silva, incorporadas entre 1963 e 2019, além de uma rica coleção documental. Destacam-se doações como a de Francisco Matarazzo Sobrinho, com obras até 1950, incluindo o retrato O Protetor do Artista; a de Theon Spanudis, com autorretratos, naturezas-mortas e cenas como Os tucanos e Sucuri comendo boi; e a de Carlos Pinto Alves, com os 75 nanquins da série Romance de minha vida, 40 deles publicados em seu primeiro livro, e 35 nunca exibidos.

Esse conjunto revela impressionante diversidade técnica, temática e formal, refletindo também as condições de produção, circulação e recepção da obra do artista, que desde 1963 inspirou 7 mostras individuais e ao menos 34 coletivas no Museu.

Graças à curadoria de Gabriel Pérez-Barreiro e aos acréscimos coordenados por Fernanda Pitta, a mostra oferece um panorama provocativo da trajetória do artista – marcada pela vivência da modernidade no campo e por tensões entre legitimação e marginalização, além de questões hoje centrais, como as perdas ambientais trazidas pelo agronegócio, as relações entre humanos e não-humanos, o mundo comum e os embates simbólicos dentro do sistema da arte.

José Lira – Diretor – MAC USP
Esther Hamburger – Vice-diretora – MAC USP
Fernanda Pitta – Acompanhamento curatorial – MAC USP

[topo]



Presentation

[português]

It is with great pleasure that MAC USP inaugurates this beautiful exhibition dedicated to José Antônio da Silva. Conceived within the framework of the Brazil/France 2025, Season, the show began its tour in April 2025 at the Musée de Grenoble, continued through the Fundação Iberê in Porto Alegre from August to November, and now arrives in São Paulo, enriched by additions from the Museum’s own collection. We extend our gratitude to the partners who made this expanded version possible, especially the Fundação Iberê, through its director and comissário geral da Temporada Brasil França, Emilio Kalil.

Since its founding, MAC USP has assembled a valuable collection of works by this self-taught artist of rural and popular origin. The museum’s inaugural donation already included paintings from 1942 to 1950, a period during which Silva began to attract critical attention, even before his recognition at the early São Paulo Biennials. This moment marks a turning point in Brazilian modernism, which began to value non-academic productions associated with a notion—albeit controversial—of “naïve” or “primitive” art, engaging with new understandings of the popular.

Today, MAC USP preserves 119 works by Silva, acquired between 1963 and 2019, along with a rich documentary collection. Notable donations include those from Francisco Matarazzo Sobrinho, with works up to 1950 including the portrait O Protetor do Artista; from Theon Spanudis, with self-portraits, still lifes, and scenes such as Os tucanos and Sucuri comendo boi; and from Carlos Pinto Alves, with 75 ink drawings from the series Romance de minha vida, 40 of which were published in Silva’s first book, and 35 never before exhibited.

This body of work reveals an impressive technical, thematic, and formal diversity, also reflecting the conditions of production, circulation, and reception of the artist’s oeuvre, which since 1963 has inspired seven solo exhibitions and at least 34 group shows at the Museum.
Thanks to the curatorship of Gabriel Pérez-Barreiro and the additions coordinated by Fernanda Pitta, the exhibition offers a provocative panorama of the artist’s trajectory—marked by the experience of modernity in the countryside and by tensions between legitimization and marginalization, as well as issues that are central today, such as environmental losses caused by agribusiness, relationships between humans and non-humans, the shared world, and symbolic struggles within the art system.

José Lira – Director- MAC USP
Esther Hamburger – Deputy Director – MAC USP
Fernanda Pitta – Curatorial Liaison – MAC USP

[top]



José Antônio da Silva

[English]

José Antônio da Silva (1909-1996) foi provavelmente o artista autodidata brasileiro mais bem-sucedido e famoso de sua época, cuja carreira lança luz sobre o dinamismo e muitas das contradições da arte moderna no Brasil.

José Antônio da Silva nasceu na cidade rural de Sales Oliveira, no estado de São Paulo, em uma região marcada por plantações intensivas de algodão e milho. Seu pai guiava carro de bois, e ele cresceu mergulhado nas tradições rurais e no folclore do campo, tópicos que apareceriam consistentemente em seu trabalho. Sua descoberta artística veio em 1946, quando apresentou pinturas em uma exposição no recém-inaugurado centro cultural da cidade vizinha de São José do Rio Preto, as quais foram elogiadas então pelos principais críticos de arte da época, que entusiasticamente saudaram o “achado” desse “autêntico” artista popular brasileiro. Isso abriu as portas para Da Silva, que participou da primeira edição da Bienal de São Paulo (1951) e de seis edições subsequentes, além de uma representação especial na 33ª Bienal de Veneza.

Artista extremamente prolífico e energético, Da Silva não só produziu milhares de pinturas e desenhos, mas também compôs música, cantou, escreveu vários livros de prosa e poesia e fundou um museu de arte popular em São José do Rio Preto.

As pinturas de Da Silva representam cenas da vida rural no interior do Brasil, representadas em uma linguagem visual dinâmica e vívida. Ele costumava repetir obsessivamente os mesmos temas (campos de algodão, festas populares, tempestades e cenas religiosas) como uma maneira de defender um modo de vida desvalorizado pelas elites metropolitanas. Da Silva confundiu muitas das expectativas de um “artista popular”, mantendo uma relação conflituosa com a instituição artística e recusando-se a adotar a passividade normalmente esperada de um artista de origem humilde. As tensões em torno das ideias de autenticidade e símbolos nacionais são claramente visíveis em suas obras e história de vida e, em muitos aspectos, antecipam as discussões contemporâneas sobre a representação visual da identidade brasileira.

Gabriel Pérez-Barreiro
Curador

[topo]



José Antônio da Silva

[português]

José Antonio da Silva (1909-1996) was probably the most successful and famous Brazilian self-taught artist in his lifetime, whose career sheds light on the dynamism and many of the contradictions of modern art in Brazil.

José Antonio da Silva was born in the rural town of Sales Oliveira, in the state of São Paulo, in a region marked by intensive cotton and corn plantations. His father was an ox-cart driver, and he grew up steeped in the rural traditions and folklore of the countryside, topics that would appear consistently in his work. His artistic breakthrough came in 1946, when he presented paintings at an exhibition in the newly opened cultural center in the nearby city of São José do Rio Preto where they were praised by leading art critics of the time who enthusiastically hailed their ‘discovery’ of this ‘authentic’ Brazilian popular artist. This opened the door to Da Silva, and he participated in the first edition of the São Paulo Biennial (1951) and in six subsequent editions, as well as a special representation in the 33rd Venice Biennial.

An extremely prolific and energetic artist, Da Silva not only produced thousands of paintings and drawings, but also composed music, sang, wrote several books of prose and poetry, and founded a museum for popular art in São Jose do Rio Preto.

Da Silva’s paintings represent scenes of rural life in the interior of Brazil, rendered in a dynamic and vivid visual language. He often repeated obsessively the same subjects: cotton fields, village fairs, rainstorms, and religious scenes, as a way of defending a way of life that was devalued by the metropolitan elites. Da Silva confounded many of the expectations of a ‘popular artist’, maintaining a conflictive relationship with the art establishment, and refusing to adopt the passivity often expected of an artist of his humble origins. The tensions surrounding ideas of authenticity and national symbols are clearly visible in his works and in his life story, and in many ways anticipate contemporary discussions about the visual representation of Brazilian identity.

Gabriel Pérez-Barreiro
Curator

[top]



GALERIA


[topo]