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Entrada Gratuita

ANA AMORIM | MAPAS MENTAIS


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Educativo:
55 11 2648-0258
Agendamento

Imprensa:
Sérgio Miranda
55 11 2648-0299

MAC USP
Av. Pedro Álvares Cabral, 1301
Ibirapura - São Paulo - SP, Brasil
Terça a domingo das 10 às 21 horas
Segundas-feiras fechado
Entrada gratuita

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FICHA TÉCNICA


 

Ana Amorim no MAC USP

[english]

A carreira e a produção de Ana Amorim encontraram acolhida em momentos relevantes no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP). O Museu abrigou a primeira exposição individual da artista no Brasil, bem como foi o primeiro a incorporar obras suas. Entre novembro de 1990 e fevereiro de 1991, após alguns anos nos Estados Unidos, onde iniciara suas experimentações com performances de Contar segundos e os registros de Mapas mentais dos seus percursos ao longo do dia, Amorim realizou a mostra 11221990960-40-34 / 022419917464-311-34, no espaço reservado a exposições temporárias do MAC USP, no 3° andar do Pavilhão da Bienal de São Paulo. Anos mais tarde, em 2014, Amorim fez a doação de duas das Grandes telas exibidas em 1990 para o acervo do MAC USP, e, em 2018, foi uma das artistas participantes da exposição temporária Matriz do tempo real, ao lado de artistas brasileiros e estrangeiros. Contar segundos foi mais uma vez apresentada no MAC USP na programação da Clareira, em 2021. Nessa ocasião, a performance desceu para a entrada do prédio do Museu e se estendeu por uma semana, posicionando-se em um local diferente do térreo a cada dia.

A mostra, que ora se apresenta, cria uma articulação direta com a exposição de longa duração do acervo do MAC USP, Tempos fraturados. Nela, O espectro de cor de minha vida de 1989 está exposto no agrupamento intitulado “Violência” (6º andar do prédio principal), no qual reunimos obras e artistas que tratam de situações de opressão e estados de exceção, com ênfase nas ditaduras latino-americanas dos anos 1970. Embora o trabalho de Amorim não faça uma referência direta a tal contexto, o processo acumulador de “coisinhas” do entorno imediato parece nos trazer uma consciência muito concreta do tempo que cedemos a um modelo de sociedade regrado por padronizações, processos e normativas. O espectro de cor da minha vida de 1989 parece ser, portanto, um termômetro da emergência da globalização e do sistema neoliberal nas duas últimas décadas do século XX, que vêm cada vez mais homogeneizando tempos, processos, atividades produtivas, atitudes sociais e comportamentos. Os relógios, que assolaram a vida dos operários no início do processo de industrialização, estão presentes nos tempos “entre” e em todas as dimensões da nossa vida. Ana Amorim tem, assim, uma produção atualíssima para um debate artístico dentro de um museu universitário, espaço de reflexão crítica.

Ana Magalhães
Professora Titular e curadora – MAC USP

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Ana Amorim at MAC USP

[português]

Ana Amorim's career and production, at important moments, have been sheltered at the Museum of Contemporary Art of the University of São Paulo (MAC USP). The museum hosted the artist's first solo exhibition in Brazil and was the first to incorporate her works into its collection. Between November 1990 and February 1991, after a few years in the United States, where she had begun her first experiments with Counting Seconds performances and registering Mental Maps of her daily movements, Amorim held the exhibition 11221990960-40-34 / 022419917464-311-34, in the former space reserved for temporary exhibitions at MAC USP on the 3rd floor of the São Paulo Biennial Pavilion. Years later, in 2014, Amorim donated two of the Large Canvases exhibited in 1990 to the MAC USP collection and, in 2018 she was one of the artists participating in the temporary exhibition Matrix for Actual Time alongside foreign and Brazilian artists. Counting Seconds was once again presented at MAC USP, as part of the 2021 Clareira program. In this instance, the performance took place at the entrance of the museum building and lasted for a week, each day in a different location on the ground floor.

The current exhibition establishes a direct link with the long-term exhibition of MAC USP’s collection, Fractured Times. The work Personal Color Spectrum from 1989 is on display in the group entitled “Violence” (6th floor of the main building), in which we bring together works and artists that deal with situations of oppression and states of exception, with an emphasis on the 1970s Latin American dictatorships. Although Amorim's work does not make direct reference to this context, the process of accumulating “little things” from her immediate surroundings seems to bring us a very concrete awareness of the time we spend with a model of society governed by standardization, processes, and norms. Thus, Personal Color Spectrum from 1989 seems to be a thermometer of the emergence of globalization and the neoliberal system in societies in the last two decades of the 20th century, which have increasingly homogenized time, processes, productive activities, social attitudes, and behaviors. The clocks that plagued the lives of workers at the beginning of the industrialization process are present in the times “in between” and in all dimensions of our lives. Hence, Ana Amorim has a cutting-edge production for the artistic debate within a university museum, as a place for critical reflection.

Ana Magalhães
Professor and Curator - MAC USP

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Ana Amorim | Mapas Mentais

[english]

Com exceção das despesas diretas do museu, não foram usados recursos públicos na produção, montagem e manutenção desta exposição. Todas as pessoas que trabalharam na exposição foram retribuídas com obras da artista ou remuneradas com recursos advindos da venda de obras dela. A decisão de expor essa estratégia não tem a ver (apenas) com o desejo de questionar os mecanismos de financiamento da cultura no país, mas com o fato que, há quase quarenta anos, a prática artística de Ana Amorim e a (in)visibilização da sua produção são indissociáveis de sua postura ética e política. Até poucos anos atrás, por acreditar que uma obra de arte não pertence a ninguém, não pode ser apropriada e não deveria ser fagocitada pelo sistema capitalista, ela se recusava a expor em lugares comerciais, a vender suas obras e a participar de exposições patrocinadas por empresas privadas. Se sua obra é ainda relativamente pouco conhecida, mesmo entre os profissionais da área, é porque, ao longo dessas décadas, ela optou, uma e outra vez, por seguir apenas os caminhos que lhe pareciam corretos, mesmo sabendo que isso limitaria o alcance que a obra poderia ter, ou até excluiria por completo a possibilidade de sua circulação.

Na concepção e no universo da artista, ela e a sua produção são indissociáveis. Sua vida é arte. Sua arte não é uma representação da vida, é a própria vida. Se está viva, Ana Amorim está produzindo algo. Esse algo ela chama de arte, mas é também, ou principalmente, um rastro da sua passagem pelo mundo, e da passagem do tempo sobre ela. O tempo que passa sobre a artista é o mesmo tempo que passa sobre cada um de nós. Sua obra é intimamente pessoal: retrata em mapas singelos os movimentos dela ao longo de um dia, de todos os dias da sua vida. Mas esses movimentos, e os segundos que também, há décadas, ela vem contando silenciosamente, são os mesmos movimentos que nós fazemos, os mesmos idênticos segundos que nós vivemos. Não há diferença, não existem hierarquias, o tempo da artista não é nem mais nem menos importante do que o tempo de cada um de nós. A obra de Ana Amorim é intimamente democrática, coletiva e inclusiva, mesmo quando o assunto parece ser apenas um quadrado que representa a casa de onde ela, naquele dia, não saiu. Passou o dia bordando, ou talvez arrumando seus cadernos, cada página com seu mapa e sua data. Pode ser que tenha também cozinhado algo, lavado uma roupa, ou lido os jornais para se espantar, mais uma vez, com os absurdos do mundo. Um dia como tantos outros.

Sua obra inteira é o retrato desse dia.

Jacopo Crivelli Visconti
Curados

p.s.
No universo de Ana Amorim, há mais palavras em inglês do que em português. Isso não representa uma aceitação passiva do inglês como idioma oficial do poder, do dinheiro e do âmbito decisório, e, menos ainda, uma tentativa de alavancar uma hipotética carreira internacional usando palavras em inglês. Ela não tem, na verdade, o menor interesse nisso tudo. Ela só morou mais tempo fora do Brasil do que aqui.

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Ana Amorim | Mental Maps

[português]

With the exception of the museum's direct expenses, no public resources were used in the production, assembly, and maintenance of this exhibition. Everyone who worked on the exhibition was either compensated with works by the artist or paid with funds from the sale of her works. The decision to reveal this strategy does not have to do (only) with the desire to question the mechanisms of cultural funding in the country, but with the fact that, for almost forty years, Ana Amorim's artistic practice and the (in)visibility of her production have been inseparable from her ethical and political stance. Until a few years ago, firmly believing that a work of art does not belong to anyone, cannot be appropriated, and should not be phagocytized by the capitalist system, she refused to exhibit in commercial venues, to sell her works, and to take part in exhibitions sponsored by private companies. If her work is still relatively little known, even among professionals in the field, it is because over the decades she chose, time and time again, to follow only the paths that seemed right to her, even though she knew that this would limit the scope that the work could have, or even completely exclude the possibility of its circulation.

In the artist's conception and universe, her production and herself are inseparable. Her life is art. Her art is not a representation of life, it is life itself. If she is alive, she is producing something. She calls this something art, but it is also, or mainly, a trace of her passage through the world, and of the passage of time over her. The time that passes for the artist is the same time that passes for each one of us. Her work is deeply personal, depicting in simple maps her movements throughout a day, every day of her life. But these movements, and the seconds that she has also been silently counting for decades, are the same movements that we make, the same identical seconds that we live. There is no difference, there are no hierarchies, the artist's time is no more or less important than the time of each one of us. Ana Amorim's work is deeply democratic, collective, and inclusive, even when the subject seems to be just a square representing the house she did not leave that day. She spent the day embroidering, or perhaps organizing her notebooks, each page with its map and its date. She may have also cooked something, done some laundry, or read the newspapers to be stunned, once again, by the absurdities of the world. A day like so many others.

Her entire body of work is a portrait of that day.

Jacopo Crivelli Visconti
Curator

p.s.
In Ana Amorim's universe, there are more words in English than in Portuguese. This does not represent a passive acceptance of English as the official language of power, money, and decision-making, and even less an attempt to leverage a hypothetical international career by using words in English. She has, in fact, no interest in that. She has simply lived outside of Brazil longer than she has lived here.

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Galeria


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