O Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo tem o prazer de apresentar a exposição Sacilotto contemporâneo: cor, movimento, partilha, com curadoria de Ana Avelar, e
co-curadoria de Renata Rocco, duas pesquisadoras com trajetórias ligadas à Universidade de São Paulo. A mostra faz uma imersão no percurso artístico de Luiz Sacilotto, destacando uma
produção menos conhecida do público. Partindo das obras pertencentes ao MAC USP (das 6 obras do acervo, 4 estão na exposição) e de obras de coleções públicas e privadas, a mostra se dedica
a explorar do “retorno à pintura” do artista, na década de 1970, até seus trabalhos dos anos 2000. A exposição demonstra que Sacilotto não está só interessado em aprofundar questões
herdadas da arte concreta – movimento ao qual aderiu e com o qual é frequentemente identificado; transportando-as para experimentações em torno da ótica e do movimento – mas, também suas
preocupações relativas à posição ativa do público diante da arte. Este último aspecto o fez experimentar proposições, já a partir dos anos 1990, de escala pública e urbana, com esculturas
de grandes dimensões, cujos projetos estão incluídos na mostra.
O MAC USP, ao acolher esta investigação sobre a obra de Luiz Sacilotto, convida o público a percorrer as nuances de uma trajetória que se manteve relevante, procurando interpretar o seu
próprio tempo através da arte.
Fernanda Pitta
Curadora responsável – MAC USP
The Museum of Contemporary Art of the University of São Paulo (MAC USP) is pleased to present the exhibition Sacilotto contemporâneo: cor, movimento, partilha [Contemporary
Sacilotto: Color, Movement, and Sharing], curated by Ana Avelar, with Renata Rocco as co-curator—both researchers with strong ties to the University of São Paulo. The exhibition offers an
in-depth exploration of the artistic journey of Luiz Sacilotto, highlighting a body of work that is lesser known to the public. Featuring works from the MAC USP (including 4 of the 6
pieces held by the museum), as well as works from public and private collections, the exhibition traces the artist's “return to painting” in the 1970s and follows his development through
the 2000s. The exhibition reveals that Sacilotto not only sought to deepen the inquiries inherited from Concrete Art—a movement he embraced and is often associated with—by transforming
them into optical and kinetic experiments, but was also keenly invested in the active engagement of the public with art. This focus led him to experiment, starting in the 1990s, with
large-scale public and urban sculptures, whose designs are featured in the exhibition.
By hosting this investigation into the work of Luiz Sacilotto, MAC USP invites the public to explore the nuances of a career that remained relevant, seeking to interpret its own time
through art.
Fernanda Pitta
Lead Curator – MAC USP
Sacilotto contemporâneo: cor, movimento, partilha
No centenário de nascimento de Luiz Sacilotto, esta mostra privilegia sua produção realizada entre a década de 1970 e o final da sua vida em 2003. Nesse período, Sacilotto mergulha
na experimentação ótico-cinética aliada à exploração da cor – uma investigação minuciosa situada num ateliê onde a prancheta de desenho técnico encontrava o laboratório de química.
Sacilotto formou-se na Escola Masculina do Brás em São Paulo, onde incentivava-se a noção de “artes industriais” – com aprofundamento no desenho – para referir saberes da marcenaria,
serralheria, pintura, mecânica, entre outros. Inicialmente, sua produção visual alinhou-se à pintura santahelenista paulista, apoiada no retorno à ordem do entre-guerras. Em 1945, Sacilotto
toma contato com tendências expressionistas que interessavam a jovens artistas no país. Porém, na virada de 1940 para 1950, pesquisa possibilidades cubistas e abstratas. Identificando-se
com as ideias e a visualidade da arte concreta, integra o histórico Grupo Ruptura (1952), sendo considerado a “viga-mestra” do movimento.
Nesta exposição, destacam-se as criações vibracionais e cromáticas que realizou depois de uma década sem pintar. O período de 1965 a 1974 é de recolhimento em relação à prática, mas não
quanto aos estudos. Enquanto mantinha o ofício de serralheiro na cidade natal, Santo André, manteve-se a par daquilo que acreditava serem os desdobramentos da arte concreta, instruindo-se
quanto às teorias da Gestalt, da fenomenologia, da matemática e da geometria.
Em meados dos anos 1970, Sacilotto volta à pintura abstrato-geométrica, agora impulsionada pela arte ótica e cinética, que vinha se desenvolvendo internacionalmente desde meados da década
de 1960. Nomeadas de torções, tensões, progressões, giros, suas séries são milimetricamente calculadas e executadas. Sacilotto convida ao deslocamento diante das imagens, brincando com as
visualidades vibracionais. Tais efeitos são potencializados pelas cores que ele cataloga em várias tonalidades cuidadosamente testadas e aplicadas – muitas recuperadas de suas primeiras
pinturas. Observando a coerência de sua obra, a expografia da mostra estabelece-se pela aproximação de cores, composições e tempos diversos: gravitam pinturas anteriores sobre as mais
recentes, indicando formas e soluções cromáticas pesquisadas desde o início de sua carreira.
Para Sacilotto, a arte concreta constituía-se como um alfabeto a ser compartilhado pedagogicamente com todos – por isso, ela teria promovido uma revolução visual semelhante àquela do
Renascimento. Nesse registro, Sacilotto pode ser visto como um “homem da Renascença” contemporâneo, que conjugou, em pleno século XX, saberes do artista, artesão, operário, químico,
matemático e engenheiro, dominando os conhecimentos que acreditava necessários para seu trabalho, sem separar técnica pictórica de teoria, sob o signo da ciência e da história da arte.
Ana Avelar
Curadora
Renata Rocco
Co-curadora
Contemporary Sacilotto: Color, Movement, Sharing
On the centenary of Luiz Sacilotto's birth, this exhibition focuses on his work from the 1970s until the end of his life, in 2003. During this period, Sacilotto delved into the
optical-kinetic experimentation combined with color exploration—a meticulous investigation carried out in a studio where the technical drawing board met the chemistry lab.
Sacilotto was educated at the Brás School for Men in São Paulo, where the concept of "industrial arts"—with an emphasis on drawing—was encouraged, referring to skills in carpentry,
locksmithing, painting, mechanics, among others. Initially, his visual production aligned with the Santa Helena painting school of São Paulo, rooted in the interwar return to order. In
1945, Sacilotto encountered expressionist trends that intrigued young artists in the country. However, at the turn of the 1940s to the 1950s, he explored cubist and abstract possibilities.
Identifying with the ideas and aesthetics of concrete art, he joined the historic Grupo Ruptura (1952), being considered the "cornerstone" of the movement.
This exhibition highlights the vibrational and chromatic creations he produced after a decade without painting. The period from 1965 to 1974 was one of withdrawal from practice, though
not from study. While maintaining his trade as a locksmith in his hometown of Santo André, he kept abreast of what he believed were the developments in concrete art, educating himself on
the theories of Gestalt, phenomenology, mathematics, and geometry.
In the mid-1970s, Sacilotto returned to abstract-geometric painting, now driven by optical and kinetic art, which had been developing internationally since the mid-1960s. His series,
named twists, tensions, progressions, and rotations, are meticulously calculated and executed. Sacilotto invites viewers to move before the images, playing with vibrational visualities.
These effects are heightened by colors that he cataloged in various carefully tested and applied shades—many of which were revisited from his earlier paintings. Observing the coherence of
his work, the exhibition design is established by the proximity of colors, compositions, and different periods: earlier paintings orbit around the more recent ones, indicating shapes and
chromatic solutions researched since the beginning of his career.
For Sacilotto, concrete art was conceived as an alphabet to be pedagogically shared with everyone—hence, it would have triggered a visual revolution comparable to that of the Renaissance.
In this light, Sacilotto can be seen as a contemporary figure of that era, combining, in the 20th century, the knowledge of an artist, craftsman, laborer, chemist, mathematician, and
engineer, mastering the skills he believed to be necessary for his work, without separating pictorial technique from theory, all under the banner of science and art history.
Ana Avelar
Curator
Renata Rocco
Co-curator
Ficha Técnica
Curadoria Curatorship
Ana Avelar
Co-curadoria Co-Curator
Renata Rocco
Produção Executiva e Direção de Produção Executive Production and Production Director
FRIDA
Mariane Goldberg
Ana Silvia Forgiarini
Produção Production
AMALGAMA
Paula Marujo
Design
Ana David
Projeto Expográfico Exhibition Design
Juliana Godoy
Assistência Assistants
Letícia Santos
Victor Delaqua
Projeto de Iluminação Lighting Design
Anna Turra
Projeto de acessibilidade Accessibility Project
Maré Dissidente
Museologia Museology
RYS Conservação de Obras de Arte
Mariane Tomie
Montagem fina e Cenografia Fine Assembly and Scenography
Install
Tradução e Revisão Translation and Revision
watt – Texto e Tradução
Equipamentos de iluminação Lighting Supplier
Santa Luz
Comunicação Visual Visual Communication
Acciart
Transporte de obras Artwork Transportation
Millenium
Seguro de obras Artwork Insurance
Howden Insurance Brasil
Agradecemos a todas as pessoas e instituições que tornaram possível a realização da exposição We acknowledge all the people and institutions that made the exhibition possible
Ana Eliza e Paulo Setúbal
Antônio Almeida
Alfredo e Rose Setúbal
Adamastor Sacilotto
Adolpho Leirner
Augusto de Campos
Carlos Dale
Daniela e Alfredo Villela
Eiger Art LLC
Ella Fontanals-Cisneros Collection
Flávio e Sylvia Pinho de Almeida
Hurst Capital
Marcos Ribeiro Simon
Malu Villas Bôas
Orandi Momesso
Rosa e Sergio Chamma
Valter Sacilotto
IAC - Instituto de Arte Contemporânea
Museu de Arte Moderna de São Paulo
Pinacoteca do Estado de São Paulo
Fundação Itaú Cultural
The Cisneros Fontanals Art Foundation (CIFO)
The Museum of Fine Arts – Houston
Apoio
Almeida & Dale Galeria de Arte