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☼ Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, 1970
Notícias de lugar nenhum (Made in China), 2010
óleo sobre tela
Doação artista
Essa obra surgiu depois de uma visita de Felipe Cama à China. O artista havia se interessado pela atitude de milhões de turistas que se fotografavam em frente à entrada da Cidade Proibida. Antes mesmo da febre das selfies, Cama esteve atento ao modo como as pessoas se relacionam com o mundo, como registram sua própria experiência e sua memória, e de que modo locais turísticos fazem parte dessa narrativa.
As imagens são pinturas feitas a partir de fotografias, inicialmente tiradas pelo próprio artista (inclusive dele mesmo em frente aos portões da Cidade Proibida, com o retrato-monumento de Mao Tsé-Tung), mas que foram sendo completadas por retratos de pessoas que disponibilizaram suas imagens na internet. Ao escolher a pintura como meio de reprodução das imagens originalmente fotográficas, o artista discute não só o estatuto da imagem, como também da ideia de autoria. As pinturas foram encomendadas por Cama, através da internet, a artistas chineses especialistas em copiar qualquer imagem em pintura que se envie a eles. A China é hoje a maior economia do mundo, colocando seus produtos no mercado internacional de modo competitivo, tendo ao mesmo tempo se reerguido por via da imitação e da cópia de tecnologia estrangeira. Faz parte desse sistema o boom da arte contemporânea chinesa nos mercados do Ocidente. Em contraposição a essa circulação global da arte chinesa contemporânea, o país também é conhecido por cidades como Dafen (no Sul da China, perto de Shenzen), na qual os artistas locais vivem da cópia de grandes obras da pintura ocidental, que podem ser encomendadas por qualquer pessoa através da internet, enviadas por correio. Esses artistas, no entanto, não são vistos como seus pares que circulam nas grandes mostras e feiras internacionais de arte contemporânea, participando de uma economia secundária, cuja circulação da arte se dá por via da cópia.
Texto: Ana Magalhães e Priscila Arantes
☼ Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, 1970
Notícias de lugar nenhum (Made in China), 2010
óleo sobre tela
Doação artista
This work was created after a visit Felipe Cama made to China. The artist had become interested in the attitude of millions of tourists taking photographs in front of the entrance to the Forbidden City. Even before the selfie fever, Cama was aware of how people relate to the world, how they record their own experience and their memory in it, and how tourist sites are part of that narrative.
The images here are paintings made from photographs, initially taken by the artist himself (including himself in front of the gates of the Forbidden City, with the portrait-monument of Mao Zedong), but which were complemented by portraits of people who posted their images on the Internet. By choosing painting as a means of reproducing the originally photographic images, the artist discusses not only the status of the image, but also the idea of authorship. The paintings were commissioned by Cama, through the Internet, to Chinese artists, who are experts in copying any image that is sent to them into painting. China is today the world’s largest economy, placing its products on the international market in a competitive manner, and having grown by imitating and copying foreign technology. Part of this system is the boom of Chinese contemporary art in Western markets. In contrast to this global circulation of contemporary Chinese art, the country is also known for cities like Dafen (in Southern China, near Shenzen), in which local artists live off copying great works of Western painting, which can be commissioned online by anyone, and sent by mail. These artists, however, are not seen as their peers who circulate in major international art fairs and exhibitions, but participate in a secondary economy whose circulation of art takes place through copying.
Text: Ana Magalhães e Priscila Arantes