2 ABR 2016 - 10 JUL 2016
Entrada Gratuita

 

Oswaldo Vigas Antológica 1943-2013


Reencontro e revisita

Hugo Segawa
Diretor MAC USP 2014-2015

Oswaldo Vigas, aos 27 anos, era um promissor artista venezuelano que compareceu com três pinturas na delegação de seu país que participou da II Bienal de Artes Plásticas de São Paulo. Foi a edição do evento consagrada para as comemorações do 4º Centenário da Cidade de São Paulo, entre os meses de dezembro de 1953 e janeiro de 1954, com a inauguração do Pavilhão das Nações e do Parque Ibirapuera, projetados por Oscar Niemeyer e equipe.

O delegado da Venezuela para a II Bienal, Juan Röhl, o saudava no catálogo como “dotado de uma bela intuição sensível nas suas composições, mostra-nos a riqueza sensual de sua paleta”. O início da década de 1950 foi virtuoso para o reconhecimento desse jovem artista, então premiado em várias mostras em seu país, e já no rumo para sua estadia de doze anos em Paris. Vigas ainda participaria da IlI Bienal de São Paulo em 1955 com duas pinturas, assinalando possivelmente a última aparição do artista no Brasil.

A retrospectiva Oswaldo Vigas Antológica 1943-2013 poderia ser interpretado como o reencontro de Vigas com São Paulo. Em um espaço não muito distante daquele em que primeira vez expôs em 1953 – hoje conhecido como Pavilhão Armando de Salles Oliveira –, na instituição que acolheu o acervo das primeiras bienais de São Paulo, o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo – abrigado no edifício que na celebração do 4º Centenário era o Pavilhão da Agricultura.

O artista venezuelano passou à margem da cultura brasileira. Mas sua atuação se alinha ao universo latino-americano dos anos 1950 e 1960, no qual também brasileiros compartilharam atitudes. Vigas foi um dos vários artistas que participaram na experiência da Síntese das Artes como concebida pelo venezuelano Carlos Raúl Villanueva, arquiteto do extraordinário campus da Universidad Central de Venezuela, reconhecido como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. Integração das Artes foi outro termo que cunhou o debate, no qual o brasileiro Lucio Costa, divergindo desses conceitos, chamou de Comunhão das Artes. Nesse saudável desencontro de definições, Portinari, Di Cavalcanti, Clóvis Graciano, Lívio Abramo, Alfredo Ceschiatti, Athos Bulcão, entre outros, se alinham com Diego Rivera, Mateo Manaure, David Alfaro Siqueros, Oswaldo Guayasamín, José Clemente Orozco, Wilfredo Lam, Miguel Alandia Pantoja, José Chávez Morado e Oswaldo Vigas, no rito de uma “aventura plástica latino-americana”, parafraseando Damián Bayón.

Mais que o reencontro de Vigas com São Paulo, trata-se do encontro de São Paulo com um grande artista venezuelano praticamente desconhecido no nosso meio cultural, cuja retrospectiva resgata seu papel e importância não só para o Brasil, mas para a América Latina e para o mundo.

Após percorrer Lima, Santiago e Bogotá, é com grande satisfação que o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo recebe a grande exposição de Oswaldo Vigas, agradecendo à Fundación Oswaldo Vigas e a curadora da mostra, Bélgica Rodríguez, pela oportunidade de apresentar de corpo inteiro para o público brasileiro o grande mestre venezuelano.





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