28 MAI 2016 - 10 JUL 2016
Entrada Gratuita

 

Vesica Piscis | Laban em Fluxo


Reencontro e revisita

Katia Canton
Docente / MAC USP

Vesica Piscis remete ao desenho esquemático de uma bolsa de ar que os peixes possuem para a flutuação. Simbolicamente, representa a intersecção de dois círculos – um arquétipo de conexão de todas as formas de existência e de conhecimento no mundo. O conceito de campo de interação está na base da obra e da vida de Rudolf von Laban (1879-1958), dançarino, coreógrafo, teatrólogo, educador reconhecido como um dos maiores teóricos da dança do século XX. Foi Laban o responsável pelo estudo minucioso da estrutura dos gestos e pela criação de um método de notação de movimentos, um alfabeto próprio chamado Labanotation , utilizado para sistematizar coreografias e atribuir-lhes memória. Baseado numa vontade de fazer do movimento uma linguagem de união, ele também inventou as Danças Corais , onde estruturas gestuais eram repetidas em conjunto por enormes grupos de pessoas.

Inspirada pelos ensinamentos de Laban, Maria Mommensohn , idealizadora da proposta Vesica Piscis , nos apresenta as possíveis interfaces entre as diferentes linguagens artísticas, apresentadas em dois ambientes distintos: um reservado aos espetáculos de dança e às experiências imersivas através de recursos audiovisuais, e outro dedicado à exposição visual em homenagem à bailarina, coreógrafa e educadora Maria Duschenes, uma das introdutoras do método Laban no Brasil em suas criações e atividades de arte-educação.

Esses dois espaços pretendem-se vivos, dinâmicos e interativos, não somente pela ocorrência das apresentações e pela homenagem a Maria Duschenes, mas também porque durante a ocupação Vesica Piscis o museu se tornará palco de ensaios e experimentações voltados a espetáculos que serão criados especificamente para o espaço do MAC USP. São trabalhos que emergem, imbuídos de uma linguagem cênica própria desse universo interativo criado pela conversa entre a dança e as demais expressões artísticas.

A ocupação Vesica Piscis, no MAC USP, entre os meses de maio e julho, é uma oportunidade para o público visitante descobrir a vocação do museu como espaço vivo. Aqui, através de elementos visuais e sonoros, orquestra-se um lugar de pulsação, estabelece-se um convite à experimentação, iluminando formas de criação estética onde a dança e a comunicação não-verbal compõem e dão corpo ao universo multidisciplinar daquilo que chamamos arte contemporânea. Eis uma possibilidade de união ao modo Laban.

 





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